Definitivamente o milagre da multiplicação continua dando o tom na política nacional. No momento em que campanhas antecipadas se alastram pelo País, desafiando a Justiça Eleitoral, candidatos sequer conseguem explicar a origem dos gordos recursos investidos em candidaturas ainda não oficializadas.
A mais recente ousadia financeira partiu do tucano João Agripino da Costa Doria Junior, candidato do PSB ao governo paulista. Faltando pouco mais de um mês para o início do período eleitoral e ainda pré-candidato, Doria montou um grupo de profissionais para rastrear a combater as notícias falsas, as chamadas “fake news”. Ao todo são trinta pessoas que trabalham buscando nas redes sociais e sites jornalísticos notícias sobre Doria, mas o número de profissionais deve dobrar a partir de agosto.
Em vez de se ocupar com a peçonha dos adversários, Doria Junior deveria se preocupar com questões mais sérias, pois só “consome” notícia falsa quem tem disposição para tal. Até porque, a obviedade é ingrediente imprescindível para o momento em que o cidadão se depara com determinada informação.
Um dos assuntos que deveria merecer a atenção de Doria é a sua decisão de abandonar o mandato de prefeito da capital paulista, sem ter ao menos tomado alguma providência no escândalo de corrupção que suspendeu Parceria Público-Privada da Iluminação Pública de São Paulo. O processo licitatório estava sabidamente viciado, mas o então prefeito nada fez para impedir as transgressões, mesmo sabendo do que se passava.
João Doria pode alegar que desconhecia detalhes do processo, mas um político que almeja governar o mais importante estado da federação não pode ser movido pela inocência. Aliás, Doria nada tem de inocente. O máximo que fez foi demitir a então diretora do Ilume, órgão responsável pela PPP.
O caso é tão escandaloso, que a PPP da Iluminação, mesmo suspensa, foi mantida sob a batuta do secretário Marcos Penido, que antes comandava a Secretaria de Serviços e Obras, mas agora está à frente da Secretaria de Prefeituras Regionais. Ou seja, Penido mudou de pasta, mas levou na “bagagem” a PPP. Decisão estranha do prefeito Bruno Covas.
Cornucópia de Bolsonaro
Outro político que deve explicações aos brasileiros é Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República. Bolsonaro, que é deputado federal pelo Rio de Janeiro, tem circulado pelo País atrás de votos, mas até agora não forneceu informações sobre o custeio dessas viagens.
Nas redes sociais, Jair Bolsonaro vem avançando de forma expressiva, mas o candidato garante que desconhece quem financia essas investidas digitais, alegando que esse movimento é orgânico. Algo difícil de acreditar, pois sabe-se que a partir de determinado ponto as redes sociais funcionam à base de dinheiro.
Considerando que o Brasil ainda enfrenta os efeitos colaterais da mais grave crise econômica de sua história, é inaceitável uma desculpa evasiva, pois é preciso respeitar a legislação eleitoral para se promover mudanças no País. E não é isso que vem ocorrendo na escandalosa campanha antecipada que dominam todos os quadrantes do território nacional.