Gazeteiro profissional, o tucano Doria já experimenta a resistência do exigente eleitorado paulistano

Candidato do PSDB ao governo paulista, João Agripino da Costa Doria Junior está conferindo o que o UCHO.INFO afirmou meses antes de o tucano abandonar a prefeitura de São Paulo, mesmo tendo prometido durante a campanha que cumpriria o mandato até o fim. Nossa expectativa, tempos atrás, era que Doria, que em quatorze meses de gestão nada fez em prol da maior cidade brasileira, teria de enfrentar, cedo ou tarde, o desgosto do eleitorado paulistano.

Na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, João Doria lidera a disputa no âmbito estadual, com 19% de intenções de voto, seguido por Paulo Skaf, do MDB, com 17%. Ambos estão tecnicamente empatados, considerada a margem de erro (três pontos percentuais) da mais recente pesquisa Ibope.

Especialista em fazer gazeta, como ficou comprovado durante sua passagem pela Prefeitura de São Paulo, Doria já não desfruta da pompa e da circunstância que costuma alardear em seus périplos iniciais de campanha.

No primeiro turno, considerados apenas os votos da cidade de São Paulo, João Doria e Paulo Skaf, segundo levantamento do Ibope, empatam com 18% cada. Porém, no segundo turno a situação piora sobremaneira para Doria, que perde para Skaf por grande diferença: 22% do tucano contra 40% do emedebista.


Desde que decidiu ingressar no mundo da política, João Doria tem se apresentado como a “fulanização” da solução de todos os problemas do País, como isso pudesse ser levado adiante à sombra de uma agenda telefônica de respeito.

Apesar dessa autopromoção, Doria vem experimentando a resistência dos paulistanos. Se no segundo turno a disputa pelo governo de São Paulo fosse entre Doria e Márcio França (PSB), na capital o tucano perderia – 27% a 34%. Em cenário que tem o petista Luiz Marinho como candidato, João Doria consegue um empate: 31% para cada lado, na capital.

Alguém há de dizer que essa análise pouco interfere na situação de Doria, mas é preciso considerar que a cidade de São Paulo representa 27% do eleitorado paulista. Além disso, pesa contra o candidato do PSDB o fato de ser o mais conhecido na disputa estadual. Ao Ibope, 18% dos entrevistados afirmaram desconhecer o tucano. Por outro lado, Márcio França e Luiz Marinho são desconhecidos por 54% e 52% dos eleitores, respectivamente. Skaf não é conhecido por 22%.

De acordo com o jornal Valor, “Doria vai notadamente melhor entre os eleitores do interior e entre os que o Ibope chama de periferia – municípios do entorno da capital. É esse desempenho que lhe garante vantagem global na pesquisa contra Márcio França (34% a 25%) e Luiz Marinho (36% a 23%). Mesmo assim, ele aparece atrás de Skaf em todo o Estado na simulação de segundo turno: 33% para o emedebista ante 29% para o ex-prefeito”.

Resumo da ópera, para quem dizia aos quatro cantos que seria candidato à Presidência da República, o que exigiria atropelar o empacado Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB, Doria deveria colocar as barbas de molho. Até porque, como dizem os políticos mais experimentados, a primeira derrota é inesquecível.