Ainda sem esclarecer como custeia uma defesa milionária, que conta com renomados profissionais do Direito, o ex-presidente Lula, condenado a doze anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, pode perde um dos seus principais defensores. O que poderá complicar sobremaneira a situação do petista, pois, segundo especialistas, novas condenações estão a caminho.
Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Sepúlveda Pertence pretende conversar com Lula em breve, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, para discutir a sua saída da defesa. Como antecipou o UCHO.INFO, na edição de 6 de julho, Sepúlveda tem uma linha de atuação calcada não apenas nos ditames do Direito, mas especialmente nos chamados “despachos auriculares”, importantes e às vezes decisivos em determinados julgamentos.
Esse modus operandi é diametralmente oposto ao do advogado Cristiano Zanin Martins, um histriônico até então desconhecido que aposta nos ataques ao Judiciário como estratégia de defesa. As rusgas entre Sepúlveda e Zanin cresceram nos últimos dias, após a absolvição de Lula na ação penal sobre de obstrução de Justiça. Tal processo refere-se à tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, em troca de mesada.
Quem acompanha de perto destacadas ações penais envolvendo políticos estranhou o fato de Sepúlveda Pertence, um advogado experimentado e com bom trânsito nas instâncias superiores, participar da defesa de Lula, tendo ao lado um colega de profissão que na causa em questão vem colecionando derrotas e disparando contra o Judiciário.
Após a decisão da Justiça Federal do DF, em mensagem enviada pelo aplicativo WhatsApp para Zanin Marins, um dos filhos de Sepúlveda Pertence, Eduardo, não economizou palavras para fustigar o advogado: “Não precisamos de vocês para ter qualquer tipo de protagonismo! Meu pai é e sempre será maior que vocês”. Foi o bastante para a relação, que não era das melhores, piorar de vez.
Outro ponto que desagradou Sepúlveda Pertence foi a atuação de três deputados federais petistas – Paulo Teixeira (SP) Wadih Damous (RJ) e Paulo Pimenta (RS) – no caso do pedido de habeas corpus em favor de Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). No melhor estilo missa encomendada, a liminar foi concedida pelo desembargador Rogério Favreto – petista de carteirinha – mas acabou anulada pelo presidente do TRF-4, Thompson Flores.
Na carta enviada a Lula, em que informa sua decisão de deixar a causa, Sepúlveda Pertence afirma que o Partido dos Trabalhadores assumirá a defesa do ex-presidente da República. Resumindo, se havia alguma possibilidade de o ex-metalúrgico continuar sonhando com a liberdade, o cenário por enquanto está dominado pelo pesadelo.
