Enfrentando dificuldades, Ciro Gomes quer os votos dos petistas, mas bate no PT e em Lula sem cerimônia

Fragmentada na esteira dos múltiplos escândalos de corrupção que chacoalharam o País e sem projeto único no âmbito da eleição presidencial que se avizinha, a esquerda nacional cada vez mais se rende ao desespero. O maior exemplo desse desvario repousa no Partido dos Trabalhadores, que teme nova desidratação nas eleições de outubro próximo.

Para evitar mais um enxugamento, que reduziria a bancada do partido na Câmara dos Deputados, o PT insiste na impossível candidatura de Lula, único nome da legenda capaz de cabalar votos para os “companheiros” candidatos. Não há outra explicação para a manutenção da candidatura do ex-metalúrgico, inelegível de acordo com o que estabelece a Lei da Ficha Limpa.

Ciente de que Lula terá dificuldades para levar sua candidatura adiante, o pedetista Ciro Gomes começa a avançar sobre o eleitorado petista, mas o faz de maneira atabalhoada, o que não é novidade. Em entrevista à TV Difusora, do Maranhão, Ciro não mediu palavras e desafiou o Judiciário e o Ministério Público acerca da prisão do petista.

“Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”, declarou o pedetista.


Ao mesmo tempo em que é adepto confesso dos destampatórios, Ciro Gomes é um covarde contumaz, que se apequena na primeira reação das autoridades. Nesta quarta-feira (25), um dia após a descabida afirmação, Ciro disse que foi mal interpretado.

“Quando eu disse a gente, eu não quis dizer eu. Quis dizer os democratas, os que têm compromisso com o Estado democrático de direito, com o restabelecimento da autoridade, do império da lei que, no Brasil, parece estar completamente deformada”, afirmou o candidato do PDT durante convenção do partido no Pará.

Se por um lado Ciro Gomes promete tirar Lula da prisão na base do pé de cabra, caso seja eleito, por outro ataca o PT sem cerimônia, mesmo cobiçando os votos dos petistas. Em entrevista, Ciro disse que “a burocracia do PT, menos o Lula, não está preocupada com o Brasil”, mas “em manter a hegemonia no campo progressista no país. E para eles, qualquer negócio vale”.

Para piorar uma situação que já era ruim, Ciro Gomes acusou Lula de ser o chefe do “dono” do Partido da República (PR), Valdemar Costa Neto, a quem teria dado ordens para inviabilizar seu acordo com o “Centrão”.