Diante do orçamento de 2019, nenhum candidato à Presidência pode fazer promessa mirabolante

Vítima da maior e mais grave crise econômica de sua história, o Brasil vive um momento político ímpar, sem solução no curto prazo, mesmo com alguns poucos candidatos garantindo que com o uso do pé de cabra é possível restabelecer a ordem e retomar o progresso. É importante destacar que democracia faz bem, apesar da balburdia, e deve ser preservada a qualquer preço, apesar de uma parcela da população, tomada pela preguiça política, insistir em flertar com o retrocesso.

O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República, como já ressaltamos em matéria anterior, serviu para nada, mas é preciso que os brasileiros, não apenas o eleitorado, tenham consciência que mudar a realidade do País não se dará na esteira de um passe de mágica.

Não se pode esquecer que o estrago patrocinado pelo PT na economia nacional foi tamanho, que tirar o Brasil do atoleiro exigirá anos a fio de esforço continuado de toda a sociedade, pois do contrário o País continuará na mesma situação por muito tempo.

Esse cenário mostra que as promessas vociferadas no primeiro debate de 2018 entre candidatos ao Palácio do Planalto podem até fazer bem aos ouvidos – algumas são utópicas –, mas tirá-las do universo do discurso e levá-las para o mundo real é econômica e financeiramente impossível.

Alguns candidatos populistas ousaram falar no debate da Band em necessidade de mudança imediata, mas não adianta enganar o eleitor com um discurso que mescla alarmismo com messianismo, pois a mecânica do Estado passa longe da fala ardilosa e visguenta que sempre surge nas campanhas eleitorais.


O candidato que promete uma revolução logo no primeiro ano de mandato é um mentiroso com todas as letras, já que, se eleito, terá de se virar com o orçamento elaborado pelo atual governo e aprovado debaixo das condições que todos conhecem. Em suma, tapar o sol com a peneira só aceita quem quer ser enganado.

Considerando que a situação fiscal do Brasil é preocupante e que o orçamento federal de 2019 é minguado, para não afirmar que é assustador, qualquer promessa de revolução na vida do País nos primeiros meses de um novo governo é algo tão delirante quanto acreditar que cegonhas têm livre acesso às maternidades.

É preciso aprovar reformas, promover o ajuste fiscal, cortar despesas, repensar o tamanho do Estado, atrair novamente o capital privado e retomar os investimentos. Esse processo, que não pode ser fatiado, como já ficou provado, não é simples e demanda tempo. Além disso, depende diretamente do Congresso, que dispensa apresentações.

Outrossim, se o próximo presidente da República conseguir “tirar o coelho da cartola” para promover mudanças, não se pode esquecer que estará na dependência do Congresso Nacional, a quem cabe avalizar aprovar as matérias de interesses do Executivo.

Como o índice de renovação do Parlamento federal não chegará a 30%, ou seja, teremos um quadro quase idêntico ao atual, o próximo presidente deveria chegar pela porta do fundo do Palácio do Planalto, sem fazer muito barulho, e de chofre colocar a barba de molho.

Quem decidir meter o pé na porta ou atear fogo no circo corre o risco de em no máximo seis meses enfrentar um processo de impeachment. Vivesse o Brasil sob o manto do parlamentarismo, a história seria outra. Não sendo essa a nossa realidade, a mudança deve ser lenta, gradual e constante.