O debate promovido pela Band com candidatos à Presidência da República, na noite de quinta-feira (9), foi considerado por muitos analistas e jornalistas políticos como “morno”, até porque o País acostumou-se à troca de acusações entre adversários políticos, mas na verdade o encontro serviu para nada, talvez tenha sido patético. O que não invalida a iniciativa da emissora de televisão.
É importante ressaltar que, a exemplo do que vem ressaltando o UCHO.INFO nos últimos anos, o Brasil carece com urgência de uma reforma política que permita eleições baseadas no bom senso. De nada adianta promover debates pouco esclarecedores em função do número de candidatos. Isso limita o tempo de explanação de cada um, inviabilizando o detalhamento de propostas, e dificultando ainda mais a possibilidade de escolha do eleitor.
O mais adequado, no primeiro turno, seria que os cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais fossem entrevistados individualmente por uma bancada de jornalistas, com tempo suficiente para apresentar de forma detalhada suas respectivas propostas de governo.
Com esse modelo, os marqueteiros deixariam de modular a fala dos candidatos nos intervalos dos debates, o que acontece de acordo com a postura dos adversários. Isso faz com que a imagem que chega ao eleitor torne-se cada vez mais manipulada, muito distante da realidade, daquilo que o candidato realmente é.
Quem conhece os bastidores de um debate sabe que nos intervalos a realidade é bem diferente, com os candidatos e assessores trocando olhares fulminantes, farpas e provocações veladas. Um campo de batalha que não sai do controle porque a chamada turma do “deixa disso” é atenta e está sempre presente.
No momento em que o Brasil está polarizado, assustadoramente à sombra do radicalismo e da intolerância, debates pouco esclarecedores em nada contribuem para tirar do caminho a cortina de fumaça que impede enxergar o futuro, mesmo que essa visão contenha uma conhecida dose de risco.
O debate só é válido, na opinião deste portal, em eventual segundo turno, quando dois candidatos têm tempo suficiente para debater ideias e confrontar propostas, mesmo que para tal seja preciso questionar questões pontuais de um ou de outro.
