Há no Brasil um sem fim de crimes sem solução, mas o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão à disposição para colaborar com as investigações do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que completa cinco meses na terça-feira (14).
“Passados 150 dias, nós entendemos que temos a obrigação de colocar a Polícia Federal à disposição, seja do Ministério Público, seja da segurança do estado, para ajudar efetivamente ou assumir a investigação”.
O ministro destacou que não ser trata de desqualificar a equipe da Polícia Civil que comanda as investigações, mas de reconhecer as dificuldades e a complexidade do caso. “A Polícia Federal é uma das melhores polícias investigativas do mundo, tem recursos tecnológicos, tem recursos humanos, tem recursos orçamentários para sustentar qualquer investigação que se faça necessária”.
Há nessa decisão do ministro uma clara sinalização de que a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro fracassou. Como antecipou o UCHO.INFO, depois de décadas de domínio do crime organizado no território fluminense, era impossível esperar que a ação das Forças Armadas produzisse resultado em pouco tempo. Principalmente porque os criminosos não são reféns da burocracia que atrasa as ações do Estado.
As investigações do caso Marielle Franco não avançam pelo fato de parte das polícias fluminenses ter algum tipo de conexão com o crime organizado e os milicianos, apontados como suspeitos de envolvimento na execução. Investigadores não desconsideram a possibilidade de vazamentos de informações estarem beneficiando os eventuais autores do crime.
Politização do caso
O fato de Marielle Franco à época cumprir mandato de vereadora na capital fluminense não justifica a entrada da Polícia Federal nas investigações, mesmo que as autoridades defendam essa tese. Reza a Constituição Federal em seu artigo 5º (caput): “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Ademais, o assassinato da vereadora e do motorista não configura crime federal.
Por ocasião do crime, o UCHO.INFO afirmou que tratava-se de oportunismo e leviandade a politização do caso por parte do PSol, que naquele momento procurava um cadáver para chamar de seu. Desde então, a não solução do assassinato da vereadora e do seu motorista vem sendo explorado politicamente, o que mostra de maneira clara o objetivo do movimento.
Questão de honra
Raul Jungmann afirmou que a solução do caso é uma questão de honra para o governo federal, que legalmente não tem competência para investigar. “Nós estamos prontos para fazê-lo. Inclusive já sabemos quais delegados seriam necessários mobilizar, para a eventualidade de sermos requisitados. Mas deixando bem claro que isso é algo que depende do requerimento formal, seja do Ministério Público, seja da segurança do estado. Se a decisão for de que nós devemos ajudar, nós vamos ajudar”.
Não se trata de tirar das famílias de Marielle Franco e de Anderson Gomes o direito incontestável de saber os motivos do crime e quem são os culpados, mas é preciso reconhecer que há outras famílias Brasil afora na mesma situação, sem que até o momento Jungmann tenha se preocupado com elas. Falar em questão de honra apenas no caso de Marielle Franco é mais um deboche com a população. (Com informações da ABr)