Sem saída, Bolsonaro diz que assessora fantasma que vende açaí em Angra dos Reis pediu demissão

    Candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro volta a tropeçar nas justificativas mirabolantes e mentirosas. Enquanto isso, seus truculentos seguidores atacam grosseiramente jornalistas, apenas porque publicam notícias verdadeiras sobre o candidato, que não pode ter suas ideias bizarras confrontadas ou criticadas.

    Depois de negar a existência de uma assessora fantasma em seu gabinete em Brasília, Bolsonaro acabou desmascarado por reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, que foi até Angra dos Reis e comprou açaí no estabelecimento de Walderice Santos da Conceição, o “Açaí da Wal”.

    Walderice conversou com a reportagem da Folha sem saber que se tratavam de repórteres e afirmou que trabalha na loja todas as tardes, na Vila Histórica de Mambucaba, a 50 km de Angra dos Reis.

    Em seguida, a reportagem se identificou, mas Walderice disse que não mais conversaria com os repórteres, pois precisava com o presidenciável pedir autorização sobre o que falar.

    O caso foi lembrado no debate da Band, na última sexta-feira (10), pelo candidato do PSol à Presidência, Guilherme Boulos, que perguntou a Bolsonaro: “quem é Wal”. Na ocasião, Jair Bolsonaro abusou da mitomania ao responder:


    “A sra. Wal, sra. Walderice, é uma funcionária minha em Angra dos Reis. Quando a Folha de S.Paulo foi lá [em janeiro] e não achou, botou manchete no dia seguinte de que ela estaria lá fantasma. Só que em boletim administrativo da Câmara dos Deputados de dezembro ela estava de férias”.

    Diante da reportagem da Folha, Bolsonaro, que vem prometendo acabar com os ilícitos na política, afirmou que a assessora parlamentar (sic) Walderice Santos da Conceição pediu demissão nesta segunda-feira (13). De acordo com o deputado federal, Walderice solicitou o desligamento por causa da exposição envolvendo seu nome.

    “O crime dela foi dar água para os cachorros”, disse Bolsonaro a jornalistas, sobre os serviços prestados pela funcionária em sua residência no litoral do Rio de Janeiro. De acordo com dados disponíveis no site da Câmara dos Deputados, Walderice recebe atualmente salário bruto de R$ 1.351,46.

    “Tenho aquela casa há 25 anos e contratei ela há uns 12 anos. Como de vez em quando estou lá, muita gente me procura e ela é encarregada de filtrar e passar pra mim, só isso”, disse o moralista Bolsonaro, que gazeteia Brasil afora ser ele a única solução para os problemas do País.

    Pouco importa o que o détraqué Jair Bolsonaro pensa a respeito da transgressão cometida pela Walderice, pois é inaceitável que um político, candidato à Presidência ou não, valha-se de uma funcionária fantasma para tirar proveitos. Aguardemos a reação da truculenta tropa de choque bolsonarista, pois uma avalanche de desculpas deve surgir na sequência, com direito a comparações esdrúxulas.