Vai além da delinquência intelectual afirmar que venezuelanos chegam ao Brasil para votar na esquerda

Nada pode ser mais deplorável do que a propagação de informações mentirosas em período eleitoral. Essa estratégia vem ganhando força no Brasil entre os apoiadores de Jair Bolsonaro, candidato à Presidência da República que aposta na radicalização como forma de chegar ao poder, até porque suas propostas são obtusas e delineadas pelo autoritarismo.

No momento em que o presidenciável do PSL não consegue expor de maneira clara suas propostas, recorrendo a respostas chulas quando questionado sobre diversos temas, a estratégia de sua tropa de choque é apelar à disseminação de informações desconexas da realidade, mas que de algum modo conseguem desviar a atenção do eleitorado.

Nas últimas horas, na esteira dos conflitos envolvendo refugiados venezuelanos em Pacaraima, em Roraima, surgiram nas redes sociais informações que revelam a delinquência intelectual que tomou conta dos apoiadores de Bolsonaro.

Uma das informações afirma que os refugiados venezuelanos chegam ao Brasil não para fugir da tragédia que se instalou no país vizinho, mas, com direito a título de eleitor, para votar nos partidos de esquerda. Trata-se de um absurdo sem precedentes, pois a Constituição Federal, em seu artigo 14, parágrafo 2º, veda o direito de voto ao estrangeiro. Parágrafo 2º: “Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.”


Contudo, o estrangeiro poderá votar nas eleições nacionais caso se naturalize brasileiro. O estrangeiro residente no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal pode naturalizar-se brasileiro mediante requerimento aos órgãos competentes. Caso o estrangeiro seja originário de país de língua portuguesa, para a naturalização será exigida apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Portanto, afirmar que os refugiados venezuelanos chegam ao Brasil porque foram cooptados pelos partidos de esquerda para participar das eleições é não apenas delinquência intelectual, como já afirmamos, mas caso de polícia. Afinal, induzir a opinião pública a erro para favorecer um candidato desqualificado mostra de maneira inequívoca o risco que o Brasil corre com a vitória de tal candidato.

Outrossim, é descabida e leviana a afirmação de que o presidente Michel Temer, por buscar uma solução pacífica e humanitária para os refugiados venezuelanos, faz um gesto de apoio à truculenta ditadura de Nicolás Maduro. Essa é mais uma informação mentirosa para turbinar uma candidatura pífia e que tem como ponto único a eliminação do comunismo, como se isso pudesse ser considerado como plano de governo.

Quem faz uma afirmação dessa natureza desconhece a história recente, pois o governo brasileiro vem atuando de forma incansável para que o autoritário regime de Maduro seja penalizado de acordo com as regras internacionais, ao mesmo tempo em que trabalha com parceiros internacionais para que a democracia seja restabelecida no país sul-americano.