Durante o período de campanha eleitoral, como sempre, os candidatos travestem-se na esperança de enganar o eleitorado como um todo, mas nem sempre o plano sai como o planejado. Mesmo assim, alguns desavisados caem na esparrela de políticos que abusam da eloquência e acabam por vociferar promessas que apontam na direção do atraso.
É o caso de Ciro Gomes (PDT), político que mescla falso vanguardismo com coronelismo do agreste, mas que posa de bom moço a cada quatro anos. Escanteado pelo PT em sua manobra para ser o candidato da esquerda nacional ao Palácio do Planalto, Ciro resolveu encampar discursos mirabolantes capazes de aproximá-lo da classe trabalhadora.
Se isso surtiu efeito ainda é cedo para afirmar, mas na primeira pesquisa Ibope após a oficialização das candidaturas sua posição não é ruim: no cenário sem Lula, está em terceiro lugar, com 9% de intenção de votos.
Mesmo assim, Ciro Gomes tem na sua ementa de campanha um cipoal de críticas à reforma trabalhista, que começa com “selvagem”, adjetivo que por questões óbvias agrada os incautos eleitores que creem ser o pedetista o novo salvador da pátria.
Em caminhada pelo centro da cidade de Guarulhos, na grande São Paulo, na manhã desta terça-feira (21), Ciro disse que, se eleito presidente, uma das suas primeiras medidas será revogar a reforma trabalhista.
Caso isso se confirme, o Brasil dará largos passos rumo ao atraso, pois é preciso modernizar a relação entre o capital e o trabalho, a exemplo do que acontece em vários países desenvolvidos. Deixar essa relação refém de uma legislação atrasada e do peleguismo sindical é agir contra o avanço da nação e do próprio trabalhador.
“Nós vamos revogar essa reforma trabalhista e substituir por outra que consulte o diálogo que eu quero promover entre os trabalhadores, os empresários, a universidade e a legislação internacional comparada”, afirmou o presidenciável a jornalistas.
Esse discurso rebuscado de Ciro Gomes funciona apenas durante a campanha, pois na prática a conversa é diferente. Afinal, revogar a reforma trabalhista depende de uma simples canetada alguma dose de loucura, mas aprovar uma nova, como sugere o presidenciável do PDT, depende da boa vontade de um Congresso que, após as eleições deste ano, terá baixo índice de renovação. Ou seja, Ciro, se eleito, será obrigado a sentar-se à mesa do escambo.
“Essa reforma trabalhista é selvagem. Ela produziu quase um milhão de pessoas para a informalidade no Brasil. Portanto, o que nós queremos é substituir essa selvageria por uma coisa digna que proteja a força mais fraca que é a força do trabalho. Ainda mais com 13 milhões e 700 mil pessoas desempregadas e 33 milhões empurradas para viver de bico”, afirmou.
Em relação à alegada selvageria da reforma trabalhista, Ciro Gomes deveria deixar de lado o seu conhecido viés embusteiro e criar coragem para criticar com a devida veemência os camaradas do PT (leia-se Lula e Dilma Rousseff), que a reboque do populismo barato e criminoso criaram uma legião de 14 milhões de desempregados.
Que ninguém caia na esparrela de Ciro “paz e amor”, uma vez que encerrada a eleição a máscara há de cair e o pedetista retomará a sua porção truculenta de coronel do agreste cearense.