Há meses o UCHO.INFO vem afirmando que o índice de renovação no Congresso Nacional seria pequeno, contrariando o desejo da população por mudanças a política. Mais recentemente, este portal afirmou que a renovação ficaria entre 24% e 28%, mas que não representaria uma mudança de fato, uma vez que os “novos” fazem parte de grupos políticos conhecidos.
Esse cenário é resultado da reforma eleitoral, um arremedo vergonhoso que serviu apenas para manter o status quo, ou seja, no Parlamento federal o País terá, a partir de 2019, mais do mesmo. Nossa previsão foi confirmada por estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), divulgado nesta terça-feira (21)
De acordo com o levantamento, 79% dos 513 deputados federais tentarão a reeleição em outubro. Projeção do Diap aponta que 75% deles devem se reeleger. O levantamento foi feito após o registro das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo o Diap, o número de candidatos à reeleição (407) na Câmara ficou um pouco abaixo da média dos últimos sete pleitos (408), porém maior que na eleição de 2014, quando 387 tentaram renovar seus mandatos.
Dos 106 que não tentarão um novo mandato na Câmara, 31 não concorrerão a qualquer cargo neste pleito e 75 disputarão outros cargos. Destes, 40 concorrem ao Senado; 11 são candidatos a vice-governador; nove disputam o governo do estado; sete tentam vaga de deputado estadual; seis são suplentes de candidatos ao Senado; e dois são candidatos à Presidência da República.
Na avaliação do analista político Neuriberg Dias, um dos autores do levantamento, a expectativa e o sentimento da população por renovação na Casa serão “frustrados” neste pleito.
Segundo Neuriberg Dias, o alto índice dos que vão tentar novo mandato com a continuidade dos grupos políticos (bancada rural, empresarial, evangélica, da bala e de parentes) que já estão no poder traz o risco de que a próxima composição da Câmara seja mais conservadora que a atual. “O perfil do Congresso Nacional será mantido. Esses grupos detêm muitos seguidores e pode ter até retrocesso”, disse o analista político.
Além de emendas parlamentares, os que estão se recandidatando têm outras vantagens em relação a um novo candidato: nome e número conhecidos, bases eleitorais consolidadas, cabos eleitorais fiéis, acesso mais fácil aos veículos de comunicação, estrutura de campanha, com gabinete e pessoal à disposição, em Brasília e no estado.
O levantamento também indica que as mudanças na legislação que reduziram o tempo de campanha de 90 para 45 dias e do período eleitoral gratuito de 45 para 35 dias são outros dos motivos para a baixa renovação da Câmara.
“As mudanças na legislação eleitoral com a criação do fundo eleitoral e a janela partidária (período no qual foi permitida a troca de partido sem perda de mandato) permitiram aos deputados e senadores negociarem melhores condições na disputa da reeleição, como prioridade no horário eleitoral e na destinação dos recursos do fundo eleitoral”, avalia o Diap. (Com ABr)