Jovem alvo de boatos envolvendo ataque a Bolsonaro diz à PF estar recebendo ameaças

(Fábio Motta – Estadão)

Uma jovem de 18 anos, moradora de Juiz de Fora (MG), denunciou à Polícia Federal (PF) e à polícia de Minas Gerais estar recebendo ameaças de morte após ser acusada por internautas de participar do ataque contra Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República. A estudante tornou-se alvo de ameaças após a agressão sofrida pelo presidenciável no último dia 6.

A mãe da estudante A.C. garante que a filha foi confundida com uma mulher homônima que alguns internautas acusam de ter entregue a Adélio Bispo de Oliveira a faca com que o desempregado feriu o político. A jovem é a segunda pessoa cujo nome e dados pessoais são divulgados nas redes sociais por internautas que as acusam, sem provas, de participação no crime.

“Existem muitas pessoas com um nome parecido ao da minha filha. De repente, ela começou a ver sua foto divulgada nas redes sociais. Divulgaram inclusive o número do telefone dela. Passaram a telefonar dizendo que vão encontrá-la; que vão matá-la; que ela deve ser presa”, contou a mãe da menina à Agência Brasil, que prefere manter o sigilo do nome para preservação da família.

Preocupada, a mãe da jovem disse que a filha está com medo. “Ela está muito assustada com tudo o que está acontecendo. Não está saindo de casa e apagou tudo das redes sociais.”

Explicações

A mãe acrescentou ainda que a filha, que está no ensino médio, estava em casa no momento em que o candidato foi esfaqueado e não tem envolvimento com política partidária. “Nós ainda nem sabemos ao certo em quem vamos votar. Conversamos sobre política como qualquer família ou pessoa”, acrescentou a mãe da menina, pedindo que seu nome não fosse divulgado.

Temendo pela segurança da filha, a família prestou queixa à polícia e compareceu à delegacia da Polícia Federal (PF), em Juiz de Fora. É a PF quem está investigando o ataque contra Bolsonaro – inclusive se o agressor recebeu ajuda de terceiros.


PF descarta participação de mulher

A Polícia Federal ouviu uma mulher que aparece nos vídeos da cena do ataque a Jair Bolsonaro e descartou sua participação no crime. Aryane Campos havia sido apontada em redes sociais por apoiadores do candidato como responsável por entregar a faca a Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, que foi utilizada no ataque ao presidenciável do PSL.

Logo após a divulgação das imagens nas redes sociais, acompanhadas de análises de especialistas (sic), o UCHO.INFO afirmou que tratava-se de atitude precipitada e criminosa acusar alguém sem qualquer base e antes da conclusão das investigações, a cargo da Polícia Federal.

Embalados pela equivocada estratégia adotada pela campanha de Bolsonaro, que de chofre decidiu capitalizar eleitoralmente o episódio de Juiz de Fora, os apoiadores do candidato passaram a apontar culpados a esmo e a lançar teorias conspiratórias, como se os investigadores precisassem de ajuda.

A PF tem o dever de identificar o responsável primeiro pelos boatos que colocaram em risco a integridade física das duas mulheres acusadas injustamente, pois é impossível que atitudes desse naipe fiquem sem punição. Não se pode fechar os olhos para um crime dessa natureza apenas porque na outra ponta da epopeia está um candidato à Presidência e sua truculenta horda de adoradores. (Com ABr)