O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta segunda-feira (17) a imposição de tarifas de 10% sobre o equivalente a US$ 200 bilhões em produtos importados da China. A nova taxa entra em vigor a partir de 24 de setembro.
Em comunicado divulgado pela Casa Branca, Trump disse que esses encargos chegarão a 25% a partir de 1º de janeiro. Um funcionário do governo americano afirmou que esse aumento progressivo permite às empresas buscarem fornecedores em outros países.
Trump ameaçou ainda aumentar os encargos em caso de retaliação do governo chinês. O presidente afirmou que pode impor tarifas sobre os outros US$ 267 bilhões em produtos da China que entram nos Estados Unidos.
Ao justificar a decisão, Trump alegou que o governo chinês se recusa a mudar práticas que ele considera injustas e dar um tratamento recíproco a empresas americanas. “Essas práticas constituem uma grave ameaça de longo prazo à saúde e à prosperidade da economia americana”, destacou. Entre as condutas chinesas, o presidente citou supostos roubo e transferência forçada de tecnologia.
“Mais uma vez peço os líderes chineses que tomem medidas rápidas para acabar com as práticas comerciais injustas de seu país. Espero que essa situação comercial seja resolvida, no final, por mim e pelo presidente da China, Xi Jinping, por quem tenho grande respeito e afeto”, ressaltou Trump.
A sobretaxa atinge aproximadamente a metade dos produtos importados da China, o país que mais vende aos EUA. Em 2017, cerca de US$ 505 bilhões em produtos chineses entraram nos Estados Unidos, com o déficit americano em termos de produtos em relação aos chineses atingindo o recorde de US$ 375,2 bilhões.
A nova tarifa recai sobre uma ampla gama de produtos, incluindo módulos de memória de computadores e equipamentos de escritório, como copiadoras. A lista, no entanto, poupou o iPhone, relógios inteligentes, dispositivos Bluetooh, produtos de segurança para crianças e de saúde.
A decisão acirra ainda mais o conflito comercial entre os países. Até agora, os EUA impuseram tarifas de 25% sobre o equivalente a US$ 50 bilhões em importações chinesas para pressionar o país a mudar políticas de subsídio, transferência de tecnologia e comércio. A China tem respondido às sobretaxas americanas com medidas idênticas.
A aprovação de novas tarifas ocorre poucos dias antes de EUA e China iniciarem um novo ciclo de negociações comerciais, marcado para os próximos dias 27 e 28 em Washington. Na semana passada, Pequim sinalizou estar disposta a negociar, porém, a imprensa chinesa noticiou que o governo chinês pretendia cancelar as conversas se novas taxas fossem aplicadas.
Antes do anúncio americano, o Ministério do Exterior chinês ameaçou nesta segunda-feira retaliar os EUA, caso o país impusesse novas tarifas.
Enquanto autoridades americanas dizem que os impactos deste conflito comercial têm sido mínimos, empresas em todo o país relatam negócios perdidos, demissões e possíveis falências.
Recentemente, Trump adotou uma política protecionista mais agressiva através da aplicação de taxas aos seus parceiros comerciais. Estas medidas levaram Pequim a apresentar uma denúncia formal na Organização Mundial do Comércio (OMC) e à adoção por parte dos europeus de medidas semelhantes contra a economia dos Estados Unidos. (Com agências internacionais)