Escolhido como vice para “meter o pé na porta”, Mourão diz que 13º salário é “jabuticaba” e leva invertida

Os seguidores de Jair Bolsonaro abusam da criatividade quando é preciso inventar absurdos para defender o presidenciável do PSL, mas isso é pouco para enfrentar os destampatórios de assessores e pessoas próximas ao capitão reformado, cuja campanha é um permanente vazio em termos de propostas.

Entre os mais problemáticos da campanha de Bolsonaro, o candidato a vice, Hamilton Mourão, por certo é o que lidera a fila. Como se se não bastassem as declarações descabidas sobre a “malandragem dos africanos” e a “fábrica de desajustados”, Mourão, que continua acreditando ser o último gênio da raça, não deixou por menos nesta quinta-feira (27).

Durante palestra no Clube dos Dirigentes Lojistas de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, o general que foi mandado para a reserva por ser descontrolado, disse aos presentes que o décimo terceiro salário e o adicional de férias são “jabuticabas”, que como tal só existe no Brasil. Essa afirmação foi precedida da afirmação de que em um eventual governo Bolsonaro o País terá uma reforma trabalhista séria.

O Brasil não precisa de salvadores da pátria nem de tresloucados que flertam com o retrocesso. No momento em que a candidatura de Jair Bolsonaro enfrenta resistência em várias frentes, a fala de Mourão é uma ode ao descabimento, algo típico de quem acredita ser uma ode à sapiência.


Em vez de sair Brasil afora vociferando impropérios, Hamilton Mourão deveria vestir o pijama e ler a Constituição, pois o décimo terceiro salário e o adicional de férias constam das chamadas cláusulas pétreas da Carta Magna.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.

XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.

Sua declaração avançou de tal forma na seara da insensatez, que Jair Bolsonaro determinou a imediata suspensão da agenda de campanha do general até o primeiro turno (7 de outubro), O que não significa que no segundo turno sua insana verborragia estará liberada.

Quando ainda ziguezagueava à procura de um candidato a vice, Bolsonaro sempre fugia dos questionamentos dos jornalistas, pois era sabido que divergências político-partidárias eram fatores impeditivos.

Ao anunciar o nome de Hamilton Mourão como vice, depois de muitas idas e vindas, Bolsonaro justificou a escolha alegando que precisava de alguém para “meter o pé na porta”. O que o presidenciável do PSL talvez não saiba é que muares fazem esse serviço de boca fechada.