Militares da campanha de Bolsonaro avaliaram substituir o verborrágico Mourão para poupar candidatura

Bastou a imprensa criticar a fala destrambelhada de Hamilton Mourão sobre o décimo terceiro salário, classificado pelo general reformado como “jabuticaba”, para que a súcia bolsonarista partisse para cima dos jornalistas, como se noticiar a verdade fosse crime.

Em tempos de radicalismo eleitoral, qualquer informação não favorável a Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, é imediatamente rotulada como “fake”, ao passo que as deslavadas mentiras da militância do candidato são alçadas à condição de verdades supremas.

Para acalmar o furor que toma conta da ensandecida turba que apoia Bolsonaro, a atuação de Hamilton Mourão há muito vem sendo analisada pelo grupo de militares da campanha, que na quinta-feira (27) chegou a discutir a possibilidade de substituí-lo como forma de preservar a candidatura.

A ideia inicial era convencê-lo a renunciar à candidatura de vice, mas, vencidas algumas considerações jurídicas, chegou-se à conclusão que o melhor é mais uma vez impor a lei da mordaça e torcer para que o general se submeta às ordens do capitão. O que não garante que, em caso de eleição, isso acontecerá mais adiante. Eis o perigo.


A legislação eleitoral permite a substituição até vinte dias antes do pleito, mas esse prazo não mais existe. A ideia foi descartada porque é grande o risco de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) derrubar a chapa como um todo, ou seja, até Bolsonaro ficaria de fora da corrida presidencial, como informa a jornalista Andreza Matais na “Coluna do Estadão”.

Por outro lado, alguns especialistas em Direito Eleitoral entendem que o TSE poderia aceitar a substituição no caso específico por envolver um líder das pesquisas, o qual não poderia ser prejudicado por um candidato a vice que não sabe o que fala e foi escolhido apenas para “meter o pé na porta”, como já afirmou o próprio Jair Bolsonaro.

Depois da “malandragem dos africanos”, da “indolência dos indígenas” e da “fábrica de desajustados”, Mourão poderia ter um lampejo de humildade, reconhecendo que não é herdeiro de Aladim, mas, ao contrário, continua acreditando ser o último gênio da raça.

Não obstante, o general reformado é desprovido de doses mínimos de bom senso, algo necessário para quem participa de campanha eleitoral no Brasil, onde a semelhança com luta-livre é enorme. Enfim, aos bolsonáticos só cabe enfiar a viola no saco e modular o discurso agressivo, que não muda a opinião de ninguém.