Em 25 de setembro, médico disse que Bolsonaro estava em “ótimas condições” e não proibiu debates

Três dias antes de Jair Bolsonaro receber alta e deixar o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o cirurgião Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, chefe da equipe médica que acompanhou o presidenciável do PSL após ser transferido de Juiz de Fora (MG), onde foi alvo de ataque a faca, disse aos jornalistas que não havia qualquer contraindicação que impedisse o candidato de participar dos últimos dois debates do primeiro turno.

Na Em 25 de setembro, Macedo afirmou que Bolsonaro estava deixando o hospital em “ótimas condições”, cabendo a ele [Bolsonaro] decidir sobre sua agenda de campanha. “Logo ele se recupera, e ele mesmo decide o que ele vai fazer (sobre participar ou não dos debates)”, disse o cirurgião.

Perguntado novamente se haveria por parte da equipe médica alguma recomendação para que o Jair Bolsonaro não comparecesse aos debates, o cirurgião mais uma vez disse que não.

“Não, não (vai ter recomendação médica para ele não participar). Depende apenas se ele estiver se sentindo bem. Veja bem, foi uma tentativa de assassinato. Não foi uma facada de um louco, foi uma facada de um assassino. O cara girou a faca dentro dele”, declarou Macedo.

Questionado sobre a necessidade de a transferência de Bolsonaro de São Paulo para o Rio de Janeiro ser feita em um avião especial, o médico descartou essa hipótese.

“Ele está perfeito. Só teve aquela segunda cirurgia de urgência, mas agora ele está ótimo”, afirmou o médico Antonio Macedo, ressaltando que a viagem poderia ser feita tranquilamente em avião de carreira.


Na segunda-feira (8), em entrevista ao programa “Pânico”, da rádio Jovem Pan, Jair Bolsonaro disse que iria aos debates. Eu acho que dá pra participar [de debates]. Estou me sentindo bem. Fiquei praticamente 20 dias meio alienado do mundo, mas estou me inteirando. Acho que debater com o PT não tem dificuldade. O que o PT fez em 13 anos, acredito que está vivo na memória de todo mundo. Não queremos a volta disso daí. Eu represento uma oposição”, disse o presidenciável.

Nesta quarta-feira (10), o comando da campanha de Bolsonaro defendeu que o candidato participe apenas dos dois últimos debates no segundo turno. Os confrontos contra o petista Fernando Haddad aconteceriam na Record TV, no dia 21, e na TV Globo, no dia 26. Há uma negociação para que a Band adie seu debate, marcado inicialmente para esta quinta, para a próxima semana. Há também encontros marcados na Gazeta, RedeTV! e SBT.

O cirurgião Antonio Macedo afirmou não saber sobre a participação de Bolsonaro nos debates, mas ressaltou que “três horas falando não é fácil”.

“Ele tem desejo de participar realmente, mas no momento, perante essa avaliação que fizemos aqui. Consideramos que não é momento ideal para ele voltar às atividades”, disse o médico.

O médico falou aos jornalistas sobre as críticas que vem recebendo por não liberar Bolsonaro para a campanha. Segundo ele, sua decisão é médica, não política.

“O pessoal chegou até conjecturar que eu estava dando laudos falsos dizendo que (Bolsonaro) estava muito doente e não estava. Sempre dei laudo absolutamente verdadeiro. Tomamos cuidado com o cliente. Não temos nada a ver com o aspecto político, temos a ver com o aspecto clínico”.

Há nesse ponto uma contradição. Em 25 de setembro, três dias antes de Bolsonaro deixar o hospital, Macedo afirmou que o presidenciável estava em “ótimas condições”, que não haveria recomendação médica para evitar os debates e que ele decidiria sobre a agenda de campanha. Quase três semanas depois, o discurso do cirurgião é outro e Bolsonaro escolhe os debates que quer participar.