Todo encantador de serpente corre o risco de um dia ser picado pela víbora, por mais experiente que seja. Durante anos, o Partido dos Trabalhadores abusou da boataria como ferramenta sórdida de campanha, lançando ao vento mentiras e ignomínias para destruir a reputação de adversários.
Muitas foram as vezes em que, em passado não tão distante, petistas “aterrissaram” nas redações de jornais carregando debaixo do braço envelopes com dossiês e denúncias contra adversários. Quase sempre, os “companheiros” alegavam ter recebido os documentos de fonte anônima. Os profissionais responsáveis do jornalismo rejeitavam o material, mas os mais afoitos, que eram poucos, abraçavam a inglória causa cientes do risco.
Nos últimos tempos, a única vez que o PT não ingressou na seara da boataria foi na eleição presidencial de 1998, quando preferiu passar ao largo do fatídico e rumoroso Dossiê Cayman, que o editor do UCHO.INFO até hoje insiste em classificar como uma obra de ficção sobre um fato verdadeiro.
Desde então, os petistas recorreram á mitomania eleitoral como forma de abrir caminho para chegar ao poder central. O que os “camaradas” não previam é que um dia acabariam vítimas do próprio veneno, com o agravante de uma peçonha potencializada pelo revanchismo oposicionista. E isso acabou acontecendo na esteira do avanço tecnológico, que permitiu a disseminação das chamadas “fake news” em quantidade e velocidade impressionantes.
Obrigada a mudar de status parlamentar por conta do risco de não conseguir novo mandato, a ainda senadora Gleisi Helena Hoffmann, presidente nacional do PT e eleita deputada federal pelo Paraná, concedeu entrevista queixando-se de uma suposta “máquina de mentiras do Whatsapp, que estaria destruindo a candidatura de Fernando Haddad”. O PT, que sempre foi mestre em destruir reputações, está a provar do próprio veneno.
Segundo a presidente dos petistas, a eleição presidencial de 2018 está sendo decidida por uma “máquina de mentiras” montada no WhatsApp. Foi o que disse a senadora ao jornalista Rogério Galindo, da Gazeta do Povo. De acordo com a parlamentar, essa rede foi montada “não se sabe onde, como nem com que dinheiro” para propagar informações falsas sobre os anos em que o PT esteve no governo.
Para Gleisi, o importante agora é provar que o partido não usou kit gay, não legalizou o aborto nem transformou o Brasil numa Venezuela no período em que governou o País. A democracia brasileira, segundo a presidente nacional do partido, estaria ameaçada pelo Whatsapp.
Não se pode tirar a razão de Gleisi Helena em relação às falsas notícias sobre o tal kit gay, a legalização do aborto e a “venezuelização” do Brasil, mas o PT também vem fazendo uso desse expediente para minar a candidatura de Jair Bolsonaro, mesmo que em menor carga.
Contudo, como reza a sabedoria popular, “chumbo trocado não dói”. Bom seria se a política brasileira fosse levada a sério e os candidatos se preocupassem em apresentar propostas aos eleitores, em vez de gastar tanto tempo em ataques recíprocos e espetáculos de mitomania. Quem sabe um dia…