Polícia turca encontra evidências de que jornalista foi assassinado em consulado da Arábia Saudita

Investigadores que revistaram o Consulado da Arábia Saudita em Istambul, nesta terça-feira (16), encontraram evidências de que o jornalista saudita Jamal Ahmad Khashoggi foi assassinado dentro da representação diplomática do governo de Riad.

De acordo com uma autoridade do governo turco, que falou sob a condição de anonimato, após as buscas no consulado, as investigações seguiram para a casa do cônsul saudita, Mohamed al-Otaibi, que deixou a Turquia. As buscas acabaram canceladas, pois os representantes do governo saudita não puderam acompanhar a operação.

Autoridades da Arábia Saudita afirmaram são “infundadas” as acusações de que agentes do país mataram Khashoggi , mas a imprensa americana afirma desde segunda-feira que Riad pode reconhecer que o jornalista foi morto dentro do consulado, talvez como parte de um interrogatório que “deu errado”.

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, disse nesta terça-feira que os investigadores procuraram vestígios de materiais “tóxicos” e sugeriu que partes do prédio do consulado podem ter sido pintadas recentemente, mas não forneceu detalhes. Caso esse detalhe seja confirmado, levanta-se a suspeita de que os diplomatas sauditas tentaram esconder algumas manchas de sangue nas paredes do consulado.


O The Wall Street Journal noticiou que o reino controlado pela dinastia Al Saud está fechado em copas, avaliando a possibilidade, e as consequências, de reconhecer que agentes do serviço de inteligência saudita mataram Khashoggi por engano durante interrogatório. O jornal, assim como a rede de televisão CNN, afirma que a declaração do governo de Riad ainda é objeto de discussão interna.

Segundo informações repassadas por três distintas fontes, o jornalista foi interrogado por um destacado agente do serviço secreto da Arábia Saudita, diretamente ligado ao príncipe Mohammed bin Salman. Funcionários do governo turco garantem que Jamal Khashoggi foi morto dentro do consulado e seu corpo foi esquartejado por agentes sauditas. Coincidência ou não, horas antes, pelo menos quinze agentes do serviço secreto da Arábia Saudita chegaram ao consulado, retornando ao país em seguida.

Herdeiro do trono e principal autoridade do país árabe, o príncipe Mohammed bin Salman é um jovem de 32 anos e vem implementando algumas medidas para flexibilizar as regras locais e melhorar a imagem do país no exterior, mas não se pode esquecer que a Arábia Saudita é uma ditadura que se esconde por trás de uma fumaça de mistério e folclore.

Desde o desaparecimento do jornalista, em 2 de outubro, o governo turco vinha insistindo em realizar buscas no consulado, mas a autorização para a operação foi dada após um telefonema entre o rei Salman e o presidente Erdogan, que defenderam a criação de uma investigação conjunta.