Eduardo Bolsonaro desafia o STF e diz que para fechar a Corte “basta um jipe, um cabo e um soldado”

Alguns incautos insistem em não enxergar o óbvio quando o assunto é um eventual governo de Jair Bolsonaro, o candidato sem propostas que aproveito a insatisfação do eleitorado com o PT e seus satélites ideológicos. Não restam dúvidas aos que acompanham a política nacional de perto e há décadas que Bolsonaro e sua turma representam uma enorme ameaça à democracia, uma senha ao retrocesso e ao obscurantismo.

Há dias, o general reformado Eliéser Girão Monteiro Filho, deputado federal eleito pelo PSL no Rio Grande do Norte, defendeu o impeachment e a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) responsáveis pela libertação de políticos acusados de corrupção. De acordo com o militar, “o impeachment de vários ministros” se insere em um “plano de moralização das instituições da República”.

A Constituição Federal garante de forma clara a livre manifestação do pensamento, mas o Eliéser Girão precisa saber que os Poderes constituídos são independentes, assim como processos de impeachment não são instrumentos para serem usados com o fim de garantir a instalação de um regime de exceção, mesmo que disfarçado de democracia.

Muito estranhamente, os ministros do STF não se manifestaram diante de tamanha aberração, mas fizeram chegar à imprensa a informação de que a declaração do general foi descabida. O núcleo duro da campanha de Jair Bolsonaro se apressou em fazer chegar ao Supremo a informação de que o presidenciável não concorda com a declaração, a qual considera despropositada. Afinal, Bolsonaro sabe que não se pode brincar com os Poderes constituídos, caso queira de fato respeitar a democracia.

Neste domingo (21), começou a circular na internet um vídeo em que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato à Presidência da República, afirma que para fechar o STF “para fechar o STF basta um cabo e um soldado”.


Em claro tom de ameaça, durante palestra proferida antes do primeiro turno das eleições, Eduardo Bolsonaro foi questionado sobre a possibilidade de alguma ação no Supremo impedir que Jair Bolsonaro assumisse caso vencesse no primeiro turno. E, a reboque da sua conhecida torpeza de pensamento, não demorou a destilar o viés totalitarista que embalou a campanha do pai:

“Aí já está encaminhando para um estado de exceção. O STF vai ter que pagar para ver. E aí, quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Você tá indo para um pensamento que muitas pessoas falam, e muito pouco pode ser dito. Mas se o STF quiser arguir qualquer coisa – recebeu uma doação ilegal de cem reais do José da Silva e então impugna a candidatura dele. Eu não acho isso improvável, não. Mas aí vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF, você sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo não” afirmou Eduardo Bolsonaro.

Candidato do PT ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad reagiu ao conteúdo esdrúxulo do vídeo e classificou a família de Bolsonaro como “grupo de milicianos”.

Durante entrevista em São Luís (MA), Haddad afirmou: “O filho dele [Eduardo Bolsonaro] chegou a gravar um pensamento, se é que pode se chamar assim o que eles falam, em que diz que vai fechar o Supremo Tribunal Federal, se eles desafiassem o Poder Executivo. Mandariam um cabo e um soldado, nem de jipe precisaria – afirmou Haddad. – Esse pessoal é uma milícia. Não é um candidato a presidente. É um chefe de milícia. Os filhos deles são milicianos, são capangas. É gente de quinta categoria.”

Ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso usou o Twitter para se manifestar e afirmou que que as declarações do deputado “cruzaram a linha, cheiram a fascismo”.

“As declarações do dep. E Bolsonaro merecem repúdio dos democratas. Prega a ação direta, ameaça o STF. Não apoio chicanas contra os vencedores, mas estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo. Têm meu repúdio, como quaisquer outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição”, escreveu FHC.