Tal qual Lula, que cumpre pena de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o presidenciável Jair Bolsonaro é um populista contumaz, personagem típico de repúblicas bananeiras, onde a população, via de regra, se deixa levar pelo discurso vitimista. E não se pode negar que ambos, Lula e Bolsonaro, respeitadas as respectivas competências, sabem abusar da vitimização.
Para não participar dos debates entre os candidatos à Presidência da República, ainda no primeiro turno, Jair Bolsonaro usou a desculpa de que os médicos não o haviam liberado para atividades de campanha. Ao contrário, em 25 de setembro passado, o cirurgião Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo disse que o candidato estava em ótimas condições de saúde que participar dos debates era uma decisão pessoal.
O UCHO.INFO afirmou às vésperas do primeiro turno que a corrida presidencial terá uma segunda etapa que Bolsonaro, por sua pouca intimidade com a oratória e a ausência de propostas, não participaria dos debates. Nossa previsão acabou se confirmando, com o candidato do PSL recorrendo aos médicos para justificar sua ausência nos debates. Contudo, essa desculpa caiu por terra, pois no dia seguinte Bolsonaro participou de evento de campanha no Rio de Janeiro.
No afã de assegurar sua vitória nas urnas, Jair Bolsonaro mais uma vez apelou à dramatização. Seu staff informou às autoridades brasileiras que estava em marcha um atentado para atingi-lo, o que obrigou a Polícia Federal a reforçar sua segurança. Mesmo sem apresentar provas do planejamento do tal atentado, Bolsonaro passou a contar com 35 policiais federais na equipe responsável por sua segurança.
Ao deixar sua residência, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, neste domingo (28) para votar, Bolsonaro fez questão de passar aos jornalistas a informação de que estava usando um colete à prova de bala, como forma de confirmar a tese do atentado que estaria sendo planejado. O escarcéu feito na órbita dessa informação foi tamanho, que até mesmo políticos norte-americanos foram protagonistas de uma ópera bufa encenada às pressas para dar ares de veracidade ao tema.
Considerando que a informação sobre o possível atentado é verdadeira, cabe à Polícia Federal reforçar a segurança do candidato, adotando procedimentos que evitem ou reduzam ao máximo situações de risco. Até a manhã deste domingo, a equipe de segurança de Bolsonaro estava sob a responsabilidade do delegado de Polícia Federal Antonio Marcos Teixeira, que acabou dispensado após desentendimento com o presidenciável.
O candidato irritou-se com Teixeira pela forma como repreendeu os policiais federais que permitiram que ele [Bolsonaro] colocasse parte do corpo para fora do carro da PF e acenasse aos eleitores que o esperavam na chegada de seu condomínio na Barra da Tijuca.
O mesmo gesto ocorreu mais cedo na Vila Militar, após o candidato votar. Ao ver a cena se repetindo, o delegado Antonio Marcos Teixeira teria gritado com os policiais, diante do público que acompanhava a chegada de Bolsonaro.
Ora, se Jair Bolsonaro teme por um atentado, a atitude do delgado da PF foi corretíssima, pois uma falha na segurança pode resultar em tragédia. E não se pode acreditar que em meio a apoiadores do candidato não existam pessoas mal-intencionadas, dispostas a levar adiante um ato criminoso.
Resumindo, ou Bolsonaro gosta de viver perigosamente ou o aludido atentado em curso não passou de conversa fiada de campanha, uma espécie de enredo rocambolesco de candidato viciado em vitimização. Até porque, comprar um carro blindado para andar com a janela aberta não faz sentido.