Pesquisa Datafolha divulgada no sábado (27) revelou que a maioria dos brasileiros é contra o direito de o cidadão se armar. De acordo com o levantamento, 55% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que a posse de armas deve ser proibida, pois representa ameaça à vida de outras pessoas, enquanto 41% são a favor da posse de uma arma de fogo legalizada, como forma de se defender.
O tema foi explorado à exaustão pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL), que aposta em mais violência como solução para combater a violência que já existe. Na verdade, o problema da segurança pública não se combate com o enfrentamento, muito menos com uma população armada.
Rever o estatuto do desarmamento, aprovado em 2005, e facilitar a compra de armas de fogo é uma das principais propostas de Bolsonaro, que mesmo armado já foi vítima de assaltantes. Ou seja, andar armado não impede a ação dos criminosos.
Em seu programa de governo, tão pífio quanto vago, Jair Bolsonaro defende que a possibilidade de se armar garante ao cidadão o direito à legítima defesa “sua, de seus familiares, de sua propriedade e a de terceiros”.
“As armas são instrumentos, objetos inertes, que podem ser utilizadas para matar ou para salvar vidas. Isso depende de quem as está segurando: pessoas boas ou más. Um martelo não prega e uma faca não corta sem uma pessoa”, afirma o documento com as propostas do presidenciável registrado no Tribunal Superior Eleitoral.
A maioria dos eleitores que declaram voto em Jair Bolsonaro (67%) acredita que a posse de armas deve ser legalizada. Para 29% deles, a liberação deve ser proibida.
No contraponto, o petista Fernando Haddad defende maior controle de armas. A a maioria de seus eleitores (83%) é contrária à liberação, enquanto 14% são favoráveis.
“Não podemos aceitar o risco de um banho de sangue no país, como consequência do ódio, de armas nas mãos da população, de autorização ilimitada para o Estado matar. O combate implacável à impunidade e ao crime organizado será feito à base de inteligência e valorização da autoridade policial”, destaca o programa de governo do candidato do PT.
Entre a maioria dos leitores que declaram voto branco ou nulo (69%) ou estão indecisos (68%) também prevalece a posição pela proibição.
A rejeição ao direito de se armar, contudo, vem caindo. Em pesquisa Datafolha realizada em setembro deste ano, 58% avaliavam que armas deveriam ser proibidas e 40% que deveriam ser liberadas. Em novembro de 2013, quando o instituto propôs o tema em seu questionário pela primeira vez, 68% apoiavam a proibição de armas e 30% se colocavam a favor da liberação.
A sondagem do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. Foram entrevistados 9.173 eleitores, com 16 anos ou mais, em 341 municípios do país nos dias 24 e 25 de outubro de 2018.
A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi contratada pelo jornal “Folha de S.Paulo” e pela TV Globo e está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-05743/2018.