Ex-CEO da Nissan, brasileiro é preso no Japão por suspeita de reduzir o próprio lucro em declarações

A Promotoria de Justiça de Tóquio, no Japão, prendeu o brasileiro Carlos Ghosn, presidente do Conselho de administração da Nissan Motor, por suspeita de irregularidades na declaração de lucros. Nas declarações, ele informou ter recebido menos do que realmente ocorreu. O executivo reduziu os ganhos em 33%.

Natural de Guajará-Mirim, Rondônia, Carlos Ghosn, de 64 anos, ocupava a direção-geral do Grupo Renault-Mitsubishi e foi acusado pela montadora japonesa de “significativos atos” de má conduta. A Nissan informou que pretende demiti-lo da presidência do conselho. A detenção de Ghosn foi noticiada pela NHK, emissora de TV pública japonesa.

De acordo com a Promotoria de Justiça de Tóquio, a remuneração de Ghosn totalizou quase 1,1 bilhão de ienes, ou cerca de US$ 9,7 milhões de dólares, no ano fiscal de 2016. Porém, para o ano fiscal de 2017, o executivo relatou um total de 730 milhões de ienes – queda de 33%.


Ghosn foi diretor da montadora em 1999, mas anos depois tornou-se presidente da Nissan. Ele foi incumbido de supervisionar a empresa. Em 2017, Ghosn se aposentou como presidente e CEO da Nissan. O grupo vendeu mais de 10,6 milhões de unidades no ano passado, superando a Toyota como o segundo maior vendedor de automóveis do planeta.

A acusação é um forte golpe para o legado de Ghosn, considerado o responsável por salvar a Nissan de uma situação pré-falimentar a partir de 1999. O escândalo coloca em risco o futuro da aliança entre a Nissan e as parceiras Renault e Mitsubishi Motors. Carlos Ghosn também é executivo-chefe da Renault e presidente do conselho da Mitsubishi.

A prisão do executivo teve efeito no mercado acionário internacional. Na Bolsa de Paris, as ações da Renault operam em forte baixa desde cedo. Por volta das 10h40 (de Brasília), o papel da montadora francesa tinha queda de mais de 10% no mercado francês. A Renault tem fatia de mais de 43% na Nissan, enquanto a empresa japonesa possui 15% das ações da montadora francesa. (Com agências de notícias)