Definitivamente a política externa brasileira caminhará rumo ao retrocesso a partir de 1º de janeiro. Isso não deveria ocorrer, pois o presidente eleito Jair Bolsonaro disse que governaria sem viés ideológico, o que também deveria valer para a diplomacia verde-loura.
Considerando que o Brasil em breve seguirá a cartilha do norte-americano Donald Trump, como se os brasileiros necessitassem dessa sabujice tosca, o futuro chefe do Itamaraty, Ernesto Araújo, disse nesta segunda-feira (10) que o País deixará o Pacto Global pela Imigração da ONU, firmado em Marrakesh por 160 países.
“(O acordo) é um instrumento inadequado para lidar com o problema. A imigração não deve ser tratada como questão global, mas sim de acordo com a realidade e a soberania de cada país”, escreveu Araújo no Twitter.
De acordo com o fanatizado Ernesto Araújo, a imigração “é bem-vinda, mas não pode ser indiscriminada” e deve estar “a serviço dos interesses nacionais e da coesão de cada sociedade”.
As declarações de Ernesto Araújo vão no sentido oposto do que declarou em Marrakesh o chanceler Aloysio Nunes Ferreira Filho, que se contrapôs aos “políticos que querem restringir a imigração e atacam os órgãos multilaterais”.
“A lei brasileira é um desmentido claro àqueles que querem opor a soberania nacional à cooperação internacional”, disse Aloysio Nunes.
Nesta segunda-feira, representantes de 160 países e funcionários do alto escalão da ONU se reuniram em Marrakesh para adotar o Pacto Global pela Imigração. O evento contou com a presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, e da chanceler alemã, Angela Merkel, ovacionada após fazer discurso favorável à imigração.
Sem a participação dos Estados Unidos, que decidiram abandonar as negociações em dezembro de 2017, as nações concordaram que é preciso promover a imigração segura para pessoas que saem de seus países por problemas de guerra, por necessidades econômicas ou por razões climáticas.
O pacto tem oposição de políticos que defendem fronteiras mais seguras e argumentam que o acordo favorece o fluxo de imigrantes. “Já havíamos dito que a imigração não é um direito humano. Os países têm o direito de determinar a entrada de estrangeiros”, disse o representante do governo do presidente chileno Sebastián Piñera.
Há uma diferença enorme entre monitorar o fluxo migratório para evitar o ingresso de criminosos transnacionais e fechar os olhos para o movimento de pessoas que fogem da miséria, de regimes totalitaristas, das tragédias promovidas por conflitos bélicos e por desastres naturais.
Os discursos obtusos contra os movimentos migratórios aconteceram no mesmo dia em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 70 anos, ou seja, uma contradição histórica embalada pelo populismo barato que brota do extremismo da direita, que prefere ignorar a realidade global apenas para agradar o próprio eleitorado.