Operação Ross: PF cumpre mandados em endereços ligados ao senador Aécio Neves

(Dida Sampaio – Estadão)

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (20) a segunda fase da Operação Ross, que investiga o senador Aécio Neves (PSDB-MG). De acordo com a PF, a operação tem o objetivo de apurar o recebimento de vantagens indevidas por parte do parlamentar tucano, “solicitadas a um grande grupo empresarial do ramo frigorífico, entre os anos de 2014 e 2017”.

Os policiais federais cumprem, desde as primeiras horas da manhã, três mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao senador mineiro, em Belo Horizonte. Os mandados foram expedidos pelo STF, após solicitação da Polícia Federal.

O Grupo J&F, dos empresários Joesley e Wesley Batista, teria repassado cerca de R$ 110 milhões a Aécio, sendo que parte desse valor teve como destinatários finais 12 legendas que o apoiaram na eleição presidencial de 2014.

Ainda segundo as investigações, parte do dinheiro foi entregue, em espécie, ao senador mineiro. O restante dos repasses foi viabilizado por transferência bancária e pelo pagamento de serviços simulados. No inquérito, são investigados os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Em 2017, Aécio foi denunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça no âmbito de outro inquérito que também apurou relações do político com o grupo J&F.


Primeira fase

Na primeira fase da Operação Ross, deflagrada no dia 11 deste mês, a PF cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e 48 intimações para depoimentos no Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá.

Os alvos foram o senador Aécio Neves, a irmã dele, Andréa Neves, e o primo Frederico Pacheco de Medeiros. Também os senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e José Agripino Maia (DEM-RN) foram investigados, além dos deputados federais Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Benito Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).

Naquela ocasião, o senador Aécio Neves afirmou que “delatores, em busca da manutenção da sua incrível imunidade penal, falseiam as informações e transformam algo lícito, legal, [em algo] com aparência de crime. Não houve nenhuma ilicitude. Chega de tentar transformar a realidade em benefícios para esses delatores. Tenho absoluta confiança na Justiça. A seriedade dessas apurações vai mostrar o que foi feito de forma correta, não apenas em relação ao PSDB, mas a outros partidos políticos. Criminalizar a doação que era legal é um desserviço à verdade e à Justiça”.

De acordo com a PF, o nome da Operação Ross é referência ao explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do planeta, na Antártida, fazendo alusão às notas fiscais frias que estão sendo investigadas. A Operação Ross é um desdobramento da Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017. (Com ABr)