O objetivo da “Câmbio, Desligo” é decifrar o esquema de pagamento de propinas ao MDB, mas os investigadores correm o risco (sic) de descobrir operações criminosas assustadoras, algumas realizadas a partir da chamada Tríplice Fronteira e que faziam parada obrigatória em determinada casa de câmbio da cidade de São Paulo.
Um dos integrantes da pirâmide criminosa liderada por Dario Messer atuava no mercado de câmbio há décadas e também está foragido. Nascido em família tradicional paulistana, frequentador de bons lugares e com excelente formação escolar, o tal doleiro manteve durante anos uma rede de casas de câmbio, que nos bastidores fazia operações ilícitas no mercado negro de dólar.
Entre essas operações constam transferências de recursos para a rede terrorista Al Qaeda, a partir de remessas feitas por simpatizantes do grupo então liderado por Osama bin Laden. Em 2003, o editor do UCHO.INFO descobriu a ação criminosa e por e-mail comunicou o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
O representante consular americano, que pouco interesse manifestou em relação ao assunto, respondeu afirmando que era necessário detalhar o esquema em documento devidamente assinado e entregue pessoalmente. Ou seja, os EUA não quiseram investigar informações sobre o sistema de transferência de recursos para a organização terrorista que protagonizou o maior atentado da história, em 11 de setembro de 2001.
Naquele ano (2003), policiais paulistas, talvez na esteira de alguma informação de alcaguetes, identificaram movimentações suspeitas na tal casa de câmbio. O doleiro, que continua em fuga, pagou à época, a policiais de uma delegacia da zona oeste da cidade de São Paulo, R$ 800 mil para que a investigação não avançasse. E diante dessa dinheirama o assunto caiu no esquecimento.
O dono da casa de câmbio, que funcionava com autorização do Banco Central, usava um sistema ilícito de outro criminoso que comandava uma rede de empresas de fachada, criadas exclusivamente para a emissão de notas fiscais e de documentos de importação e exportação. Em outras palavras, operações de comércio exterior, chanceladas pelo governo brasileiro, emprestaram aparente legalidade às transferências de recursos para a rede Al Qaeda.