Onyx Lorenzoni usou verba da Câmara na campanha de Bolsonaro, mas presidente continua em silêncio

Durante a campanha presidencial, Jair Bolsonaro apresentou-se ao eleitorado como versão tropical de “Don Quixote” em eterna cruzada contra a corrupção. Considerando que os brasileiros estavam fartos dos escândalos envolvendo petistas e seus sequazes e Bolsonaro sempre cultivou ojeriza à esquerda, não sem antes defender a violência como solução para quase tudo, não foi difícil arrancar a vitória das urnas. A situação tornou-se “menos difícil” quando setores do empresariado viram no retorno da direita radical ao poder uma chance de retomar o protagonismo.

Entre as promessas de campanha e a realidade que reina nos bastidores da política há, como sempre existiu, uma enorme e assustadora diferença. E diante dos fatos, Bolsonaro se apequena ao não agir como prometido aos incautos.

Onyx Lorenzoni, o poderoso chefe da Casa Civil, que, segundo pessoas que o conhecem de longa data não deve durar muito tempo no cargo, reconheceu que embolsou R$ 100 mil da JBS por meio de caixa 2, mas o agora presidente da República entendeu como normal o que é comum na política. Para o UCHO.INFO, caixa 2 é corrupção. Pensamento idêntico tinha o ex-juiz Sérgio Moro, agora ministro da Justiça, que diante das circunstâncias já não pensa dessa maneira. Moro chegou ao absurdo de afirmar que Lorenzoni conta com sua “confiança pessoal”.

Fosse cumpridor das promessas e intransigente com a corrupção, Bolsonaro não teria incluído Onyx Lorenzoni em sua equipe de governo, a exemplo do que fez com Magno Malta, descartado de última hora sem maiores explicações. A desfaçatez de Lorenzoni é tamanha, que ele chegou a dizer que pediu desculpas por ter recebido dinheiro da JBS. Desde quando pedido de desculpas ilide crime?


Tomando por base que muitos dos que elegeram Jair Bolsonaro foram às urnas apenas porque o capitão reformado do Exército representava a possibilidade de derrotar o Partido dos Trabalhadores, qualquer transgressão cometida por integrantes do governo estreante será tolerada, como se a lei não valesse para todos. Resumindo, como disse Nicolau Maquiavel, “aos amigos os favores, aos inimigos a lei”.

Onyx Lorenzoni é o que muitos chamam de “mais do mesmo” e como tal ainda há de proporcionar muitas surpresas. O chefe da Casa Civil utilizou R$ 100 mil da Câmara dos Deputados para custear 70 passagens aéreas usadas na campanha de Bolsonaro.

A cota a que cada deputado federal tem direito é “destinada a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício da atividade parlamentar”, jamais para ser utilizada em assuntos com fins eleitorais.

Acostumado a desculpas e explicações estapafúrdias, Onyx disse que usou recursos da Câmara para “construir um futuro para o País”. A informação veio a público no apagar das luzes de 2018, mas Jair Bolsonaro nada fez em relação ao colaborador. Sequer cobrou explicações, pois é possível que o próprio presidente da República, enquanto deputado federal, tenha cometido a mesma transgressão. Mas isso não importa, já que Bolsonaro foi eleito “dono do Brasil”.

É preciso saber se a Câmara dos Deputados cobrará a devolução do dinheiro ou será preciso que algum cidadão ingresse com ação na Justiça para obrigar Onyx Lorenzoni a colocar a mão no bolso. Do contrário, que o ministro peça ajuda a Fabrício Queiroz. O UCHO.INFO está disposto a ingressar com ação contra o ministro-chefe da Casa Civil.