Bolsonaro exonera Bebianno e em vídeo agradece ex-colaborador que foi chamado de “mentiroso”

A explicação do presidente da República sobre a exoneração de Gustavo Bebianno, que até o início da noite desta segunda-feira (18) comandava a Secretaria-Geral da Presidência, não convenceu, mas seguiu o script combinado entre ambos, no melhor estilo “faz de conta”.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Jair Bolsonaro reconheceu a “dedicação e comprometimento” do agora ex-colaborador na coordenação de sua campanha eleitoral e afirmou que continua “acreditando na sua seriedade e qualidade do seu trabalho”.

“Reconheço também sua dedicação e esforço durante o período que esteve no governo. Como presidente da República comunico que, na data de hoje, tomei a decisão de exonerar o senhor ministro-chefe da Secretaria-Geral. Desejo ao senhor Gustavo Bebianno meus sinceros votos de sucesso em sua nova jornada”, disse Bolsonaro.

No vídeo, o presidente afirmou que “diferentes pontos de vista” sobre “questões relevantes” fizeram com que ele reavaliasse a permanência de Gustavo Bebianno no governo.

Para quem chamou Bebbiano de “mentiroso”, o presidente da República abusou da farsa ao gravar o mencionado vídeo, mas é preciso destacar que não se deve desconsiderar a capacidade de raciocínio da população, que já percebeu que o desfecho do entrevero é fruto de um acerto feito às pressas para evitar o pior.


Jair Bolsonaro sabe que seu outrora colaborador é um arquivo ambulante com alto poder de provocar estragos, o que explica esse pacto recíproco de não agressão, que ainda carece da contrapartida de Bebianno.

O presidente da República alegou motivo de foro íntimo para exonerar o ex-secretário-geral da Presidência, declaração que joga por terra a desculpa inicial de que o estopim da crise seria o caso das candidaturas laranjas do PSL.

Não se pode esquecer que, há dias, em momento de desabafo, Bebianno afirmou: “Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco”.

Horas antes, com o imbróglio em fase de fermentação avançada, Bebianno não economizou palavras para mandar um recado nada agradável ao presidente da República, obrigando alguns emissários palacianos a se movimentarem com excesso de rapidez. Disse o agora ex-secretário-geral da Presidência a alguns interlocutores, no último sábado (16), que não cairia sozinho.

Ora, Bebianno diz que Bolsonaro é frouxo e faz ameaça velada ao declarar a pessoas próximas que seria leal somente enquanto estivesse no governo, mas o presidente da República vem a público para agradecer ao ex-colaborador? De duas uma: ou o enredo foi escrito às pressas ou a história está muitíssimo mal contada.