Paulo Preto é condenado a 145 anos de prisão e PSDB entra em alerta por causa de possível delação

Apontado como operador do PSDB, Paulo Vieira de Souza, conhecido nos bastidores da política como Paulo Preto, foi condenado pela segunda vez pela Justiça Federal de São Paulo a 145 anos e oito meses, em regime inicial fechado, por apropriação de bem público, associação criminosa e continuidade delitiva. Uma das filhas do ex-diretor da Dersa, Tariana Arana Souza Cremonini, foi condenada 24 anos e três meses de prisão.

Souza foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter desviado R$ 7 milhões dos recursos destinados à indenização das famílias que viviam na área do traçado do Rodoanel, obra do governo paulista que uniu as principais rodovias estaduais, evitando que o tráfego de caminhões passasse pelo centro da cidade de São Paulo.

Souza e sua filha foram acusados também de incluir na lista de beneficiados pelas indenizações seis funcionárias da família: três babás, duas domésticas e uma funcionária da empresa do genro do engenheiro. Entre 2009 e 2012, as funcionárias receberam apartamentos da companhia estatal de casa populares orçados em R$ 62 mil.

Em sua defesa, Paulo Vieira de Souza afirmou que as funcionárias da família viviam em área no ABC paulista desapropriada pelo Rodoanel, mas, de acordo com o MPF, três delas não conseguiram sequer dizer o nome da rua onde moravam ou a linha de ônibus que pegavam todos os dias para chegar ao trabalho.


Uma ex-funcionária da Dersa, que firmou acordo de colaboração premiada, afirmou à Justiça que Paulo Preto ficou com o dinheiro da indenização destinada a 11 pessoas. Uma irmã dela sacou cerca de R$ 955 mil entregou o dinheiro a pessoas de confiança do ex-dirigente da Dersa.

Também foi condenado na mesma ação penal, a 145 anos e oito meses de prisão, José Geraldo Casas Vilela, funcionário da Dersa na época dos desvios de recursos.

Na sentença, a Justiça Federal determinou também o perdimento dos bens sequestrados de Souza, da filha dele e de Vilela. O valor mínimo de indenização é de R$ 7,7 milhões. Neste caso, o Ministério Público Federal havia pedido pena de 80 anos de prisão para Souza.

Paulo Vieira de Souza foi diretor da Dersa, empresa do governo paulista responsável por obras viárias, entre 2007 e 2010. Na última semana passada, ele foi condenado a 27 anos de prisão por envolvimento em cartel de empreiteiras formado para as obras do Rodoanel.

Somadas, as duas penas passam de 180 anos de prisão. Mesmo que em ambas caibam recursos e destacando que a legislação não permite que o tempo de reclusão supere 30 anos, a tendência é que Paulo Vieira de Souza opte pela delação, principalmente para tentar minimizar ao máximo a pena imposta à filha. Isso significa que a essa altura o PSDB está em alerta máximo.