Governador do RJ diz que delegado responsável pelo caso Marielle Franco deve deixar investigação

No momento em que o País finalmente consegue uma explicação, ainda que não conclusiva, sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, crime ocorrido em 14 de março de 2018, o delegado responsável pelo caso, Giniton Lages, será afastado das investigações.

Na quarta-feira (12), quando dois suspeitos de envolvimento direito no assassinato da ex-parlamentar e do motorista foram presos, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que convidou Lages para fazer um intercâmbio com a polícia italiana, com o objetivo de estudar a máfia e os movimentos criminosos.

O afastamento de Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, acontece em momento crucial das investigações – a prisão do sargento reformado Ronnie Lessa e do ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, acusados de, respectivamente, atirar e dirigir o carro usado na emboscada que resultou na morte de Marielle e Anderson.

Durante entrevista coletiva concedida na terça-feira, após a prisão de Lessa e Queiroz, o delegado afirmou que as investigações sobre o caso ainda estão no início e que a próxima fase, a segunda, será dedicada a identificar possíveis mandantes do crime.


Qualquer neófito em investigação sabe que a permanência de Lages à frente da investigação é importante para a elucidação completa do caso, mas seu afastamento causa estranheza. Talvez a decisão tenha sido tomada na esteira de pressões exercidas nos bastidores, uma vez que o caso Marielle envolve muito mais poderosos do que se imagina.

De acordo com o governador fluminense, caso Lages deixe efetivamente o comando das investigações, sua permanência no exterior será de no máximo quatro meses. Witzel negou ser estranho tirá-lo do caso a essa altura, pois outros delegados continuarão na investigação.

Em 2018, Lages foi acusado pelo miliciano Orlando da Curicica, atualmente preso, de tentar pressioná-lo para confessar a autoria do crime. A intenção seria acobertar os autores reais, o que foi negado à época.

O governador afirmou que o titular da Delegacia de Homicídios foi acometido por estafa mental, algo que ele próprio [Witzel] sofreu quando juiz. Por mais que alegações para o afastamento tenham sido apresentadas, sem um script previamente ensaiado, a saída de Lages causa estranheza e preocupação.