O governo de Jair Bolsonaro definitivamente não está preocupado com a reforma da Previdência, assunto cuja solução o presidente da República vem delegando a terceiros, como se não fosse de competência do governo aprovar matéria tão importante e necessária aos interesses do País.
Ciente de que não tem capacidade de articular politicamente no Congresso para garantir a aprovação da reforma, Jair Bolsonaro disse, no último final de semana, que não irá ao “campo de batalha” para aprovar a matéria, assunto que cabe aos parlamentares. Com a articulação política entregue ao ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, cuja incapacidade se equipara à de Bolsonaro, o governo patina sem saber como sair do lugar.
Nesta terça-feira (26), integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aguardavam o ministro da Economia para explicações detalhadas sobre a reforma da Previdência, mas Paulo Guedes decidiu cancelar sua participação na audiência pública agendada para as 14 horas. Com isso, o encontro entre os ministros e os parlamentares deverá acontecer na próxima semana.
De acordo com informações do próprio Ministério da Economia, Paulo Guedes desistiu de comparecer à CCJ pelo fato de até agora não ter sido definido o nome do relator do projeto de reforma da Previdência. Guedes tentou interferir no processo de escolha do relator, mas acabou não tendo sucesso. Além disso, o chamado “Centrão” não aceitou indicar um nome para a relatoria, o que indica que o governo terá problemas pela frente.
O Palácio do Planalto tentou interceder junto à CCJ para que o estrago provocado pela ausência de Paulo Guedes não fosse tão grande, mas investida não prosperou. A ideia inicial era disponibilizar aos parlamentares uma equipe técnica do Ministério da Economia pra esclarecer dúvidas sobre a reforma da Previdência, mas a ideia foi rejeitada. O secretário especial a Previdência, Rogério Marinho, lideraria o tal grupo.
Enquanto nada acontece, o governo perde tempo e não esclarece à população detalhes da reforma da Previdência. Apostar em discussões setorizadas e com vocabulários técnicos em nada ajuda a dirimir o cipoal de dúvidas que os brasileiros têm a respeito da reforma. Não obstante, veículos de comunicação alinhados automaticamente ao governo limitam-se a informar que a reforma é importante e necessária.
