Brexit: Parlamento britânico rejeita acordo pela terceira vez; Theresa May corre contra o relógio

Em nova derrota imposta à primeira ministra Theresa May, o Parlamento britânico rejeitou pela terceira vez, nesta sexta-feira (29), o acordo “fatiado” do Brexit.

Com o novo revés sofrido por May, Londres corre o Reino Unido corre o sério risco de ser alijado da União Europeia em 12 de abril, sem direito a acordo, o que causaria sérios danos à economia britânica.

Como alternativa, a primeira-ministra tem uma só carta na manga para evitar um desastre irreversível: pleitear novamente a postergação do “Dia D” do Brexit e, ato contínuo, participar das eleições do Parlamento Europeu no final de maio.

Derrotada, Theresa May, que havia prometido renunciar ao cargo em troca da aprovação do acordo, ressaltou sua preocupação com a possibilidade de cada vez mais real de o limite estar perto do fim. A chefe do governo britânico lembrou que um pedido de prorrogação do “Dia D” dependerá do apoio de todos os 27 país-membros da União Europeia. A missão é considerada muito difícil, mas não impossível.

“Esta Casa rejeitou um Brexit sem acordo, rejeitou não ter Brexit, na quarta-feira rejeitou todas as variações do acordo que estavam na mesa. E hoje rejeitou aprovar o acordo de retirada e continuar o processo no futuro. Este governo continuará a buscar o Brexit ordenado que o resultado do referendo demanda”, declarou May, ao anunciar que, a partir de segunda-feira, buscará “abordagem alternativa” no processo, como forme de não deixar o Reino Unido à deriva.


Moeda de troca

Para convencer os eurocéticos dentro da própria legenda, o Partido Conservador, Theresa May adotou uma estratégia arriscada na última terça-feira (26), mas não lhe restava alternativa diante da pressão que vem sofrendo: prometeu renunciar ao cargo se o acordo com a UE fosse aprovado, dando lugar a uma nova liderança conservadora.

Antes da votação, o procurador-geral britânico, Geoffrey Cox, disse aos parlamentares que se tratava da “última oportunidade” de garantir que o processo fosse estendido até o próximo dia 22 maio sem que os 27 líderes europeus tivessem poder de veto.

Enquanto os parlamentares se preparavam para votar, manifestantes favoráveis ao Brexit marchavam nas ruas de Londres. Com cartazes e bandeiras britânicas, destacavam que adiar o processo seria trair a decisão do povo, que escolheu, em maioria, deixar a UE.

Contudo, no último sábado (23), um número maior de manifestantes contrários à saída do bloco saiu às ruas com bandeiras europeias para cobrar a realização de novo referendo.