Após Flávio Bolsonaro provocar o Hamas, presidente da bancada ruralista diz: “chega, não dá mais!”

Na edição desta terça-feira (2) do programa “QUE PAÍS É ESSE?” – apresentado de segunda à sexta-feira no Youtube pelo editor do UCHO.INFO – o jornalista Ucho Haddad afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) se excedeu ao usar sua conta no Twitter para reagir ao artigo do Hamas com críticas ao seu pai , o presidente Jair Bolsonaro, que em Israel anunciou a abertura de um escritório comercial brasileiro em Jerusalém.

Na rede social, Flávio Bolsonaro, demonstrando mais uma vez que “o fruto não cai longe da árvore”, escreveu “quero que vocês se explodam”. Como se isso representasse alguma ameaça ao movimento que luta há anos pelo reconhecimento da Palestina como Estado.

Considerado a maior organização islâmica nos territórios palestinos da atualidade, o Hamas (em árabe a sigla significa Movimento de Resistência Islâmica) foi criado pelo xeque Ahmed Yassin, que pregava a destruição de Estado israelense.

O Hamas surgiu em 1987, no vácuo da primeira intifada contra a ocupação israelense na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Além do viés militar, o Hamas é um partido político que no seu estatuto tem dois objetivos definidos: a luta armada contra Israel e a promoção do bem-estar social.

Esse breve histórico demonstra que reagir de forma não diplomática ao questionamento do Hamas sobre um tema longevo que envolve Jerusalém não é recomendável. Que o presidente Bolsonaro é despreparado em termos de política internacional não é novidade, mas o anúncio do escritório comercial brasileiro não agradou o premier israelense, Benjamin Netanyahu, e desagradou os palestinos.

Desde a corrida presidencial de 2018, o UCHO.INFO alerta para o perigo de uma repentina aproximação com Israel, pois os países árabes poderiam reagir de forma a afetar as exportações brasileiras. A postagem de Flávio Bolsonaro nas redes sociais foi suficiente para parlamentares da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) perderem o controle nesta terça-feira.


O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente, não precisou muito tempo para dizer “Não dá mais! Acabou a paciência”. E os alvos desse rompante do presidente da Frente Parlamentar da Agricultura foram os líderes do governo na Câmara e no Congresso, Vitor Hugo (PSL-GO) e Joice Hasselmann (PSL-SP), respectivamente.

“Chega! Chegamos ao limite! Não dá mais! Acabou a paciência!”, disse um enfurecido Alceu Moreira, ao citar a mensagem do filho do presidente da República.

Os líderes do governo saíram atrás de Alceu Moreira na tentativa de acalmá-lo, mas quem conhece o parlamentar gaúcho sabe que trata-se de missão quase impossível. Alceu Moreira entrou em um dos elevadores privativos da Câmara e rumou para seu gabinete.

Desde que Jair Bolsonaro prometeu mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a Frente Parlamentar da Agropecuária negocia um recuo por parte do governo, sem sucesso, pois o compromisso do presidente passa pelo eleitorado evangélico, considerado uma tábua de salvação em momentos de crise política.

A preocupação da FPA é com uma possível retaliação de países árabes à exportação de carne brasileira. Atualmente, o Brasil é o maior exportador global de carne halal — preparada de acordo com as tradições islâmicas. O mercado consumidor de carne halal reúne 1,8 bilhão de muçulmanos, negócio que não se pode desprezar por causa das bizarrices ideológicas do presidente da República nem por conta dos destampatórios da sua prole.

Após a repercussão negativa de sua desastrada postagem no Twitter, o senador Flávio Bolsonaro apagou a mensagem. Não bastasse o fato de o presidente precisar de babás palacianas, agora seus filhos necessitam de tutores para conter o besteirol.