Bolsonaro descobriu tarde demais que usar o termo “velha política” não vale a pena e só atrapalha

Definitivamente, Jair Bolsonaro nada sabe de política, apesar de ter passado 28 anos na Câmara dos Deputados, período em que foi régia e nababescamente remunerado com o suado dinheiro do contribuinte. Desde que assumiu a Presidência da República, em 1º de janeiro, Bolsonaro vem se comportando como dono do Brasil, não como chefe do Executivo, acreditando que todos têm obrigação de se curvar às suas ordens e desejos.

Sem até esta quinta-feira (4) ter manifestado publicamente qualquer apoio à reforma da Previdência, pois afinal na intimidade não acredita no projeto, o presidente recebeu no Palácio do Planalto lideranças partidárias para tentar atrair apoio para conseguir aprovar a matéria, como forma de evitar a primeira e retumbante derrota de um governo que ainda não mostrou a que veio.

Quando sua vitória nas urnas foi confirmada, Bolsonaro passou a abusar das frases feitas, como se isso pudesse convencer os que acompanham diariamente a política nacional. Uma das que ganharam destaque em seus primeiros discursos como presidente eleito foi “mais Brasil, menos Brasília”. Mesmo assim, esse mantra enxundioso teve vida curta, pois o presidente enxertou no besteirol do cotidiano o termo “velha política”.

Sem ter como entregar aos eleitores devotos o que prometera durante a campanha eleitoral, Bolsonaro tratou de demonizar a classe política para tentar colocar no colo dos parlamentares a culpa pelos fracassos do seu governo. Ou seja, o presidente, ao usar a “velha política” dava a entender que para apoiar o governo os parlamentares queriam manter o status quo criminoso que perdurou durante os últimos governos.


Presidencialismo de coalizão existe em vários países e não é considerado crime, mas Jair Bolsonaro estigmatizou como tal, pois precisava arrumar uma saída de emergência para seu insucesso como governante. No momento em que passou a rejeitar qualquer tipo de diálogo com deputados e senadores, o presidente mandou pelos ares o discurso “mais Brasil, menos Brasília”, uma vez que ao não ouvir os representantes dos estados ele impossibilita a conexão com o País.

Aconselhado às pressas por assessores palacianos, ainda em Israel, que para garantir a aprovação da reforma da Previdência o melhor seria abrir as portas do governo e oferecer cargos aos partidos, Bolsonaro não hesitou e recebeu dirigentes das legendas para uma conversa.

Certo de que tudo seria facilmente solucionado, o presidente da República mais uma vez passou recibo de incompetência. Todos os que foram ao seu encontro disseram não estar em busca de cargos, mas, sim, de solução. E que a solução é de responsabilidade do governo, não dos parlamentares.

Por razões óbvias, e já esperadas, os políticos que foram ao Palácio do Planalto jamais se sujeitariam a cair na esparrela de Bolsonaro, mesmo que quisessem cargos na máquina federal, Preferiram deixar o mito (sic) ficar com o mico, mesmo que depois ele fosse ao Twitter para, em mais uma de suas bizarras postagens, afirmar que “tudo ocorreu em alto nível”.

Em transmissão ao vivo pela internet, como faz todas as quintas-feiras, Bolsonaro comprometeu-se a não mais usar o termo “velha política” para referir-se aos políticos no Congresso. Tarde demais, pois a maioria dos que estão no Parlamento sabe, não é de hoje, que o jogo bruto da política não é para novatos nem para incompetentes. Talvez um dia Bolsonaro aprenda!