Para não “azedar” relação com Israel, Bolsonaro revê declaração estúpida sobre “perdoar o Holocausto”

(Agência Brasil)

Que Jair Bolsonaro é um trapalhão todos sabem, mas seu despreparo para ocupar o cargo de presidente da República já começa a causar problemas para o País. Depois da reação dos israelenses à declaração sobre o Holocausto, Bolsonaro precisou correr para consertar o estrago. Afinal, não há como perdoar o genocídio cometido pelo facínora Adolf Hitler contra seis milhões de judeus.

Bolsonaro enviou às pressas uma mensagem à embaixada de Israel no Brasil para esclarecer declaração de que seria possível perdoar o Holocausto. A declaração foi dada durante encontro com evangélicos, na última quinta-feira (11), e enfaticamente condenada pelo presidente de Israel, Reuven Rivlin, e pelo Museu do Holocausto, visitado por Bolsonaro no início do mês.

“Deixei escrito no livro de visitantes do Memorial do Holocausto em Jerusalém: ‘Aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro’. Portanto, qualquer outra interpretação só interessa a quem quer me afastar dos amigos judeus. Já o perdão é algo pessoal, nunca num contexto histórico como no caso do Holocausto, onde milhões de inocentes foram mortos num cruel genocídio”, destaca um trecho da carta de Bolsonaro, divulgada no domingo (14).

Com a carta, Bolsonaro busca conter as fortes reações causadas por declaração estapafúrdia e típica de quem não sabe o que fala. Afirmar que o Holocausto pode ser perdoado, mas não esquecido, comprova sua torpeza de pensamento, assim como revela, mais uma vez, a incapacidade de um político populista que chegou à Presidência da República.

“Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase: ‘Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro’. Se não queremos repetir a história que não foi boa, vamos evitar com ações e atos para que ela não se repita daquela forma”, afirmou Bolsonaro no encontro.


Em seguida, o próprio Museu do Holocausto divulgou um comunicado no qual diz que ninguém tem o direito de determinar se os crimes hediondos cometidos pelos nazistas na Segunda Guerra podem ser perdoados. O Yad Vashem é um centro de memória do Holocausto, que se dedica a homenagear as vítimas e os que combateram o genocídio de seis milhões de judeus pelo regime nazista.

“Desde a sua criação, o Yad Vashem tem trabalhado para manter a lembrança do Holocausto viva e relevante para o povo judeu e a toda humanidade”, completa a nota. “Não concordamos com a fala do presidente brasileiro de que o Holocausto pode ser perdoado. Não é direito de nenhuma pessoa determinar se crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados.”

O presidente de Israel, país do qual Bolsonaro tem buscado uma aproximação, também seguiu o tom do comunicado do Yad Vashem, mas não mencionou o líder brasileiro.

“Sempre vamos nos opor àqueles que negam a verdade ou aos que desejam expurgar nossa memória, indivíduos ou grupos, líderes de partidos ou premiês. Nós nunca vamos perdoar nem esquecer”, escreveu Rivlin no Twitter.

“O povo judeu sempre vai lutar contra o antissemitismo e a xenofobia. Líderes políticos são responsáveis por moldar o futuro. Historiadores descrevem o passado e investigam o que aconteceu. Nenhuma das partes deveria entrar em território da outra.”

No início do mês, Bolsonaro fez visita oficial de quatro dias a Israel, a convite do premiê Benjamin Netanyahu, um aliado político. Durante a viagem, ele visitou o museu Yad Vashem e causou indignação ao repetir a tese que o nazismo teria sido um movimento de esquerda. A própria instituição define o nazismo como um movimento de extrema direita. (Com agências internacionais)