Enquanto Bolsonaro se preocupa com questões ideológicas, País fecha 43 mil vagas formais de trabalho

No primeiro turno da corrida presidencial, o então candidato Jair Bolsonaro afirmou, em um dos poucos debates dos quais participou, que era o único capaz de resolver todos os problemas do País. Que candidatos mentem a mais não poder quando estão em campanha todos sabem, assim como a maioria dos eleitores acredita em promessas impossíveis.

Entre o que é prometido pelo candidato e a possibilidade de o eleito cumprir o que prometeu há uma enorme diferença, mas é preciso que a classe política se reinvente e passe a encarar a realidade nacional com a devida responsabilidade, pois a sociedade não pode continuar refém de um sistema criminoso baseado na fanfarronice.

Quando Bolsonaro anunciou Paulo Guedes como ministro da Economia, chamando-o, inclusive, de “Posto Ipiranga”, estava lançada sobre os brasileiros mais uma farsa, dando continuidade ao que vem acontecendo no País nos últimos anos em questões econômicas.

Enquanto o governo de Jair Bolsonaro continua na dependência da aprovação reforma da Previdência para tomar alguma medida na área econômica que atenue o calvário enfrentado pela população, o Brasil fechou 43.196 vagas formais de emprego em março, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quarta-feira (24) pelo Ministério da Economia.

Os dados frustraram a expectativa do mercado, que apostava na criação de 80 mil vagas de trabalho. Foi também o pior mês de março desde 2017, quando o resultado foi negativo em 63.624 posições com carteira assinada. Apenas a título de comparação, em março de 2018 o saldo foi positivo em 56.151 postos formais de trabalho, ou seja, com carteira assinada.

Em março passado, foram abertas 1,26 milhão de vagas e fechadas 1,3 milhão. No trimestre, o saldo ajustado é positivo em 164,2 mil, queda de 15,9% em relação aos 195,2 mil do mesmo período de 2018. Em 12 meses, o acumulado é positivo em 472.117 vagas.

O Ministério do Trabalho justifica o resultado ruim com a desculpa que a forte criação de postos com carteira assinada em fevereiro — foram 173.139, o melhor para o mês desde 2014 – comprometeu o mês subsequente.


Segundo o secretário do Trabalho, Bruno Dalcolmo, setores que normalmente contratavam em março anteciparam as contratações, enquanto os que demitiam concentraram as dispensas de funcionários no terceiro mês do ano. Para o secretário, o resultado negativo de março não representa pessimismo com a retomada econômica.

“Eu imagino que tenha a ver com a confiança dos empresários. Parece que estão mais confiantes”, afirmou. “Provavelmente, a demanda foi aquecida o suficiente para que os empresários mantivessem os trabalhadores contratados e atrasassem as demissões de fevereiro para março.”

O secretário diz que ainda é cedo para dizer se a economia neste ano está pior que no ano passado. “Esses resultados só serão concretizados em abril e maio, quando se terá clareza da confiança do empresário na atividade.”

É preciso saber em que país Dalcomo está a viver, porque no Brasil a realidade é bem distinta. Empresários não esbanjam a confiança que o secretário do trabalho faz referência, pelo contrário. Basta analisar os dados da economia, mais precisamente da indústria, passa saber que a declaração de Bruno Dalcomo não condiz com a realidade. Quando as indústrias de transformação e da construção civil não decolam, o mais prudente é se preparar para dias difíceis.

Segundo Dalcolmo, a aprovação da reforma da Previdência, que passou na noite de terça-feira (23) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, pode melhorar a expectativa dos empresários e favorecer a retomada de investimentos e contratações.

“A retomada é consistente, porém não é uma retomada acentuada, é tímida, o que está em passo com o que está acontecendo com a economia de maneira geral. O país está aguardando as decisões sobre a nova Previdência. Enquanto isso, os investimentos estão sendo represados.”

A afirmação de Dalcomo confirma os muitos alertas do UCHO.INFO para a irresponsabilidade de um governo movido pelo populismo barato e pela fanfarronice ideológica. Acreditar que a reforma da Previdência é a derradeira tábua de salvação é um misto de inocência com despreparo, pois a economia prevista na proposta original não será alcançada. Na melhor das hipóteses, como antecipou este noticioso, a economia a ser gerada pela reforma da Previdência, ao longo de 10 anos, será de R$ 600 bilhões, cifra que agora é confirmada pelo mercado financeiro.