Senador pelo PSL do Rio de Janeiro e filho do presidente da República, Flávio Bolsonaro reagiu mais com argumentos nada convincentes à decisão da Justiça fluminense de autorizar a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal (de janeiro de 2007 a dezembro de 2018), assim como do ex-assessor Fabrício Queiroz, que continua devendo explicações sobre como consegue custear tratamento em um dos mais requisitados hospitais do País e ser atendido por médicos considerados de primeiro time, sem estar trabalhando.
Nos últimos dias, Flávio disparando declarações contra o Ministério Público do Rio de Janeiro, que comanda as investigações e solicitou a quebra dos sigilos, mas sua investida foi em vão, pois a autorização é do último dia 24 de abril e esteve em sigilo até esta segunda-feira (13).
Também terão suas informações bancárias analisadas a esposa de Flávio, Fernanda Bolsonaro; uma empresa do casal – Bolsotini Chocolates e Café Ltda –, as duas filhas de Fabrício Queiroz, Nathalia e Evelyn; e a esposa do ex-assessor, Márcia.
Outros 88 ex-funcionários do então gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, seus parentes e empresas relacionadas a eles também terão as informações bancárias desse período checadas. Entre os investigados estão Danielle Nóbrega e Raimunda Magalhães, esposa e mãe do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega.
Foragido da Justiça desde janeiro, Adriano é considerado o chefe do “Escritório do Crime”, grupo de matadores de aluguel suspeito de de envolvimento no assassinato de Marielle Franco. O ex-policial militar é acusado há pelo menos uma década de participação em homicídios no Rio de Janeiro, mas mesmo assim foi alvo de homenagens na Alerj por parte de Flávio Bolsonaro.
A autorização para a quebra dos sigilos é do juiz Flávio Nicolau, que afirmou ser a medida “importante para a instrução do procedimento criminal” instaurado contra os investigados. A ordem judicial para a quebra de sigilos alcança também três empresários americanos, dois deles residentes nos Estados Unidos: Glenn Howard Dillard, Paul Daniel Maitino e Charles Anthony Eldering.
Em nota, o senador afirmou que “a verdade prevalecerá, pois nada fiz de errado e não conseguirão me usar para atingir o governo de Jair Bolsonaro”.
Flávio Bolsonaro não precisa usar o governo do pai como subterfúgio de defesa, pois se, como ele mesmo afirma, nada de errado fez, não há razão para preocupações. No momento em que o parlamentar começa a se explicar de forma insistente é porque há algo errado por trás do discurso.
Fosse tudo tão simples e transparente como alega o filho do presidente da República, o ex-assessor Fabrício Queiroz já teria comparecido ao MP para depor e apresentado os nomes de todos os assessores que trabalharam no gabinete da Alerj, de quem recebeu repasses em dinheiro.