Governo decide liberar saque do FGTS para aquecer a economia, mas pode faltar dinheiro para a construção

Diante do recuo de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, o que confirma a estagnação da economia nacional, o ministro Paulo Guedes confirmou nesta quinta-feira (30) que o governo pretende liberar saques de recursos de contas ativas e inativas do PIS/Pasep e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

“Vamos liberar os saques do PIS/Pasep e FGTS muito em breve, assim que saírem as reformas. Nas próximas três semanas, vamos anunciar muitas coisas”, afirmou o ministro da Economia.

Guedes, chamado pelo presidente da República de “Posto Ipiranga”, disse que as “torneiras” não podem ser abertas sem mudanças fundamentais para evitar o chamado “voo de galinha”. “Na hora que você faz as reformas e libera isso, é como se fosse uma chupeta de bateria, você dá a chupeta com a certeza que o carro vai andar”, destacou o titular da Economia.

De acordo com Paulo Guedes, o plano para a liberação do PIS/Pasep está pronto, mas o processo sofreu um atraso porque a equipe econômica decidiu analisar a autorização de saques do FGTS. “Cada equipe está examinando isso, não batemos o martelo ainda”, afirmou o ministro.


Apesar de a posta única do governo de Jair Bolsonaro para salvar a economia ser a reforma da Previdência, Guedes afirmou que outras medidas estão em andamento ou sob análise, como negociações internacionais e a reforma tributária.

“Estamos a semanas de anunciar o maior acordo comercial recente”, afirmou, em referência às negociações entre o Mercosul e a União Europeia. “A pauta será muito construtiva para frente e Brasil vai retomar o crescimento seguramente.”

A liberação de saques de recursos das contas do FGTS é uma medida paliativa, mas necessária, porém é preciso considerar que há o risco concreto de no próximo ano faltar recursos para a construção civil, setor que tem o fundo como uma das principais fontes de financiamento. Não obstante é preciso saber o quão positiva será essa medida no âmbito da economia. No governo Temer, o impacto da medida ficou aquém das expectativas.

Além disso, a construção civil é um dos mais importantes setores da economia e de geração de empregos. Ou seja, talvez o governo estará descobrindo um santo para cobrir outro ou, então, empurrando o problema para mais adiante. A grande preocupação, como já afirmamos, reside no fato de o governo não ter um “plano B” para a reforma da Previdência, que mesmo aprovada não será a salvação da lavoura. Enfim…