Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro é o tipo de pessoa que não escreve sentado o que diz em pé, como prega a sabedoria popular. A depender da necessidade do chefe do Executivo federal, o aumenta u diminui, em clara demonstração de que o Brasil ingressa perigosa e lentamente na seara do autoritarismo disfarçado.
Bolsonaro fala em democracia por obrigação, mas sua aversão às liberdades, individuais ou coletivas, é algo conhecido daqueles que há décadas acompanham sua trajetória política, sempre marcada por polêmicas e confusões.
Avesso ao contraditório, Bolsonaro precisa saber que na democracia um dos principais sustentáculos é a liberdade de imprensa, algo que o presidente ignora com mais ou menos força, dependendo do seu humor, quase sempre perto do ponto de explosão.
Como forma de retaliar a imprensa, o presidente editou medida provisória que dispensa as empresas da obrigação de publicar balanços contábeis em jornais de grande circulação nacional. Além disso, a MP 892 disponibiliza às empresas, sem custo algum, a publicação dos balanços no Diário Oficial da União (DOU). Trata-se de inequívoca retaliação aos meios de comunicação, como o próprio presidente admitiu durante evento no interior paulista, nesta terça-feira (6).
“Sem televisão, sem tempo de partido, sem recursos, com quase toda a mídia o tempo todo esculachando a gente. (Chamavam de) Racista, fascista e seja lá o que for. No dia de ontem eu retribuí parte daquilo que grande parte da mídia me atacou”, disse Bolsonaro sobre a decisão de editar a mencionada MP.
Até a edição da Medida Provisória, as empresas eram obrigadas a pagar pela divulgação dos balanços em jornais do País. Apesar de ter classificado a própria decisão como um ‘troco’ dado à imprensa por conta do tratamento que recebeu ao longo da campanha eleitoral, Bolsonaro disse que não se trata de retaliação.
“Os empresários que gastavam milhões de reais para publicar seus balancetes em jornais agora podem fazê-lo no Diário Oficial da União a custo zero. Não é uma retaliação contra a imprensa, é tirar o estado de cima daquele que produz”, afirmou o presidente.
A atitude de Bolsonaro contraria a parcialmente a Lei nº Lei 13.818, sancionada pelo próprio presidente da República em abril passado, como ressaltou a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) em nota.
De acordo com a citada lei, a partir de 1º de janeiro de 2022, os balanços das empresas com ações negociadas em bolsa deverão ser publicados de modo resumido em veículos de imprensa na localidade sede da companhia e a sua integralidade nas versões digitais dos mesmos jornais. Ou seja, o que Jair Bolsonaro fez foi pura retaliação.
Esse comportamento confirma as muitas afirmações do UCHO.INFO sobre o projeto totalitarista de Bolsonaro, que usa a Presidência da República para retaliar aqueles que o criticam. Trata-se de um sinal inequívoco de irresponsabilidade por parte de alguém despreparado para lidar com a democracia e desprovido do necessário estofo para ocupar cargo de tamanha relevância.
Quando este portal afirma que Bolsonaro incentiva a cultura do ódio e insiste no revanchismo ideológico como forma de se manter no poder, seus apoiadores, à sombra do descontrole, dedicam-nos ataques rasteiros e ofensas covardes, reação típica de integrantes de uma seita liderada por alguém que flerta constantemente com o retrocesso. Se para Bolsonaro isso faz parte da democracia, que o presidente explique o que é totalitarismo.