Mourão exalou ignorância e desrespeito ao falar de forma jocosa sobre os tremores de Angela Merkel

Ao que parece, o governo de Jair Messias Bolsonaro é movido pela boçalidade generalizada. Pelo menos é isso que se depreende do staff presidencial, que cada vez mais mostra à sociedade a delinquência intelectual que emoldura cada um dos integrantes do núcleo duro do governo.

Não bastassem as estultices de Bolsonaro, que servem apenas para o presidente frequentar o noticiário com assiduidade, o vice Hamilton Mourão, que recentemente exibiu um lampejo de coerência, colocou tudo a perder ao comentar, durante palestra, sobre os tremores nas mãos da chanceler alemã Angela Merkel.

Não resta dúvida de que o governo atual é uma reunião de néscios e détraqués, mas é preciso respeito em relação ao próximo, independentemente da cangalha ideológica de cada um. O respeito deve ser ainda maior quando se trata de uma chefe de governo.

No caso de Merkel, o comportamento respeitoso deveria ser constante, pois a chanceler alemã tem papel preponderante nas decisões tomadas pela União Europeia e, fosse o caso, poderia “colocar areia” no acordo entre o bloco europeu e o Mercosul.


Em palestra proferida na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul, na terça-feira (6), o general da reserva abusou da galhofa ao fazer comentário maldoso quando referia-se a foto exibida no telão do evento. A imagem exibia os chefes de Estado e de governo durante encontro do G7.

O vice-presidente, que em passado recente fez declarações marcadas pela estupidez, disse: “É o retrato dos (países) mais desenvolvidos. O nosso presidente Donald Trump dando uma encarada na Merkel. Eu acho que foi por isso que a Merkel começou a ter uns tremores de vez em quando”.

Pelo que se sabe, Trump é presidente dos Estados Unidos, não dos brasileiros. Se Hamilton Mourão também aderiu à subserviência nauseante que Bolsonaro dedica ao inquilino da Casa Branca, só resta lamentar. Até porque, Trump é um interesseiro confesso que carrega o nefasto DNA do negociante inescrupuloso. Quando o Brasil não mais interessar a Washington, o que pode acontecer a qualquer momento, os brasileiros que se cuidem.

Sobre os tremores apresentados por Angela Merkel em três ocasiões em um período de vinte dias, não cabe a ninguém, muito menos a Mourão, fazer comentários ridículos e deselegantes, pois o melhor que se pode fazer é torcer para que a chanceler alemã tenha enfrentado um período de estresse, combinado com o excessivo calor que faz na Europa.

Ninguém, em sã consciência, se junta a Bolsonaro em chapa eleitoral por ser diferente ou um ponto fora da curva. Mourão e Bolsonaro são essencialmente iguais e têm em comum a relação com a caserna, mas não é apenas isso o que os une. Há também a ignorância propulsada pelo chamado “humor negro”. Se o comportamento de ambos (Bolsonaro e Mourão) representa a mais fina flor do conservadorismo tupiniquim, que alguém explique o que é estupidez de bataclã.