Candidato de oposição à Presidência da Argentina chama Bolsonaro de “racista, misógino e violento”

Candidato à Presidência da Argentina, o kirchnerista Alberto Fernández, que concorre à casa Rosada com o atual presidente Mauricio Macri, rebateu as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro após sua vitória nas eleições primárias do país.

Em entrevista a um programa televisivo, Fernández, cuja chapa de centro-esquerda tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, chamou o líder brasileiro de “racista, misógino e violento” e saiu em defesa do ex-presidente Lula.

Alberto Fernández venceu as prévias argentinas no último domingo (11) com 47% dos votos, contra 32% obtidos por Macri, saindo da disputa como favorito para a eleição presidencial argentina de outubro próximo.

Comentando o resultado, Bolsonaro alertou que o Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com a Argentina, corre o risco de se tornar “um novo estado de Roraima” caso a vitória do kirchnerismo se confirme no pleito daqui a dois meses.

A fala do presidente se referia ao grande número de refugiados que atravessam a fronteira fugindo da crise econômica e política na Venezuela em busca de abrigo no estado da região norte do Brasil.

“Povo gaúcho, se essa esquerdalha voltar aqui na Argentina, nós poderemos ter, sim, no Rio Grande do Sul, um novo estado de Roraima. E não queremos isso: irmãos argentinos fugindo para cá, tendo em vista o que de ruim parece que deve se concretizar por lá caso essas eleições realizadas ontem se confirmem agora no mês de outubro”, disse Bolsonaro na segunda-feira.


Ao ser perguntado, no programa Corea del Centro, se as declarações de Bolsonaro poderiam abalar as relações com o país vizinho, Fernández disse que o Brasil “sempre será nosso principal parceiro”. “Bolsonaro é uma conjuntura na vida do Brasil, assim como Macri é uma conjuntura na vida da Argentina”, afirmou o oposicionista.

“Em termos políticos, não tenho nada a ver com Bolsonaro. Comemoro enormemente que fale mal de mim. Ele é racista, misógino, violento, uma pessoa que celebra a tortura sobre [a ex-presidente] Dilma Rousseff”, observou Fernández. “O que peço a Bolsonaro é que deixe o Lula livre”, completou.

Ao reconhecer que tal decisão não cabe a Bolsonaro, Fernández alegou que Sérgio Moro, o juiz que mandou prender Lula e mais tarde se tornou ministro da Justiça do atual governo, manipulou os promotores para que o petista não fosse candidato à Presidência. Ao final, Fernández disse que não tem problemas com Bolsonaro, mas que “tudo o que ele está dizendo são enormes disparates”.

No Twitter, o candidato argentino ainda agradeceu a Lula pelo apoio, após receber mensagem do ex-presidente brasileiro parabenizando-o pela vitória nas primárias.

“Muito obrigado, querido amigo Lula. Como bem disse, devemos dar esperanças ao nosso povo e cuidar daqueles que mais necessitam”, escreveu Fernández. Na mensagem ao argentino, o ex-metalúrgico, preso em Curitiba, destacou o “resultado significativo” obtido pela esquerda e estendeu suas felicitações à ex-líder Cristina Kirchner.

Para ganhar as eleições presidenciais em outubro, logo no primeiro turno, o candidato a presidente precisa conquistar 45% dos votos ou mais de 40% com diferença de 10 pontos sobre o segundo colocado. Caso os resultados das primárias se repitam, Fernández pode ser eleito sem necessidade de segunda volta. (Com agências internacionais)