Eventual derrota no Senado leva Bolsonaro a admitir que pode não indicar filho para embaixada

Confirmando o que tem afirmado o editor do UCHO.INFO no programa “QUE PAÍS É ESSE?”, a ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o comando da Embaixada brasileira em Washington corre riscos de não acontecer devido à resistência de alguns parlamentares que analisarão a indicação do governo federal, que ainda não chegou ao Senado Federal.

Nesta terça-feira (20), o presidente da República criticou parecer da consultoria jurídica do Senado que considerou nepotismo a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro.

De acordo com Jair Bolsonaro, os pareceres do Senado têm “viés político” e são elaborados “de acordo com o interesse do parlamentar”. Contudo, o presidente admitiu que poderá desistir da indicação caso perceba a dificuldade do filho em conseguir os votos mínimos necessários para sua indicação à representação diplomática

“As consultorias, elas agem de acordo com o interesse do parlamentar. É igual na redação, que vocês aprenderam. “Faça uma matéria sobre Jesus Cristo”. Você pergunta: “Contra ou a favor?”. Assim que vocês aprenderam na universidade. Aqui é a mesma coisa. Então, tem um viés político nessa questão. O que vale para mim é uma súmula do Supremo dizendo que nesse caso não é nepotismo”, disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada.

Perguntado sobre a possibilidade de recuar da indicação, caso vislumbre eventual derrota no plenário do Senado, Jair Bolsonaro disse que “tudo é possível” na política e que não deseja submeter o filho a um “fracasso”.

Recorrendo a declarações de cunho sexual para justificar o injustificável, Bolsonaro mais uma vez abusou da bizarrice ao afirmar: “Você, por exemplo, está noivo. A noiva é virgem. Vai que você descobre que ela está grávida. Você desiste do casamento? Na política, tudo é possível. Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Acho que ele tem competência”.


Diferentemente do que afirma o presidente da República, a consultoria jurídica do Senado, assim como a da Câmara dos Deputados, é integrada por servidores competentes e com especialização em Direito, o que de chofre descarta a insinuação de que o parecer em questão tem viés político-partidário.

O presidente precisa descer do palanque e começar a governar, pois é inaceitável que um país que enfrenta grave crise institucional fique à mercê dos devaneios ideológicos de um político despreparado e sem estofo para ocupar cargo de tamanha relevância.

Além disso, Bolsonaro não pode transformar o governo em negócio familiar, uma vez que ao ser eleito presidente da República não lhe foi conferido o título de dono do Brasil. Quando afirmava – e ainda afirma – que o presidente em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia, o UCHO.INFO referia-se à moldagem do País de acordo com os interesses de Bolsonaro, algo que não cabe no Estado de Direito.

Ademais, não se pode ignorar que três dos cinco filhos do presidente agem nos bastidores políticos como se fossem capitães hereditários. O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) estaria por trás da indicação do próximo procurador-geral da República, Eduardo tenta abocanhar a Embaixada do Brasil em Washington, enquanto Carlos continua exercendo o papel de “fritador” oficial de ministros.

O eventual recuo de Bolsonaro na indicação do filho, se confirmado, evitará uma derrota dupla que certamente terá potencial para fazer estragos políticos tanto para o governo quanto para o próprio deputado.