Michelle Bachelet diz ter “pena pelo Brasil” após controvérsia com o covarde e descontrolado Bolsonaro

A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse, em entrevista, sentir “pena pelo Brasil” ao lembrar a defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez recentemente da ditadura de Augusto Pinochet, na qual justificou a morte do pai dela pelo regime militar chileno.

“Se existe uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, que diz que a morte de meu pai após torturas permitiu que [o Chile] não fosse outra Cuba, bem, a verdade é que me dá pena pelo Brasil”, disse Bachelet à emissora chilena TVN.

No início de setembro, ao fazer um balanço do seu primeiro ano no cargo como alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet denunciou a redução do espaço democrático e um marcante aumento da violência policial no Brasil, o que provocou resposta dura de Bolsonaro.

“Se não fosse pelo pessoal do Pinochet, que derrotou a esquerda em 1973, entre eles seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba”, disse o presidente, em referência ao general de brigada da Força Aérea Alberto Bachelet Martínez, preso e torturado durante a ditadura chilena, tendo morrido de infarto no cárcere em 1974. Dois ex-militares foram condenados em 2014 pela tortura e morte de Martínez.


Durante a entrevista à emissora chilena, a ex-presidente ressaltou que a “redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil” e que na área de direitos humanos “não existe nenhum país perfeito”.

Bachelet também falou da situação da Venezuela, apontando que muitos acreditavam que a visita que ela fez ao país resultaria em um “milagre” para acabar com a crise humanitária.

“Sou alta comissária e quero manter a minha relação com o governo venezuelano, para continuar trabalhando e para ajudar a resolver a situação crítica de direitos humanos. Ainda há muita gente que está lá, que não saiu e que não está vivendo bem”, lamentou.

Bachelet foi presidente do Chile por duas vezes, entre 2006 e 2010 e entre 2014 e 2018. No ano passado, assumiu o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. (Com agências internacionais)