Crise no PSL leva Bolsonaro a desistir da indicação do filho Eduardo para embaixada em Washington

    A indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a Embaixada do Brasil em Washington corre o risco de ficar para as calendas. Só não poderá ser classificada como sonho de uma noite de verão porque o pífio plano foi gestado pelo presidente da República entre o outono e o inverno, se é que em uma país tropical, dominado a maior parte do tempo pelo Sol, as temperaturas altas ajudam no funcionamento do cérebro de alguns políticos emoldurados pela incompetência. A informação sobre a desistência do governo em relação à indicação foi antecipada pelo jornalista Guilherme Amado, da revista Época.

    O presidente Jair Bolsonaro desistiu temporariamente de enviar ao Senado a indicação do filho, também conhecido como “Zero Três”, para comandar a representação diplomática brasileira na capital dos Estados Unidos. Como nada acontece por acaso, a boa diplomacia agradece pelos percalços que levaram o Palácio do Planalto a deixar de lado o plano tipicamente monarquista.

    Os motivos que levaram Bolsonaro a desistir de presentear o filho com uma embaixada foram a grave crise que chacoalha o PSL e a falta de votos para garantir a aprovação de Eduardo Bolsonaro no Senado Federal. Apesar disso, a tentativa da dinastia presidencial pode ter contribuído para o conhecimento de alguém que acredita estar pronto para a diplomacia apenas porque “fritou hambúrguer no frio do Maine”.


    Fragilizado cada vez mais em termos políticos por conta das polêmicas que cria diariamente, Jair Bolsonaro percebeu ao longo das últimas horas que a presença do filho na Câmara dos Deputados é mais importante, em especial porque a crise que se instalou no PSL pode levar o governo a derrotas inimagináveis no Congresso. Sem contar que com essa intifada partidária o caminho para a aprovação de um pedido de impeachment fica menos estreito.

    Para não contabilizar duas derrotas em questão de horas, o presidente da República deverá alegar que o recuo em relação à embaixada do Brasil em Washington se deve ao fato de que há também traidores no PSL. Na verdade, o traidor nessa epopeia é o próprio Bolsonaro, que tenta impor em todas as frentes um estilo tosco e truculento, que destoa do espírito democrático que ele alega defender. Em suma, o presidente mais uma vez recorrerá ao que ele classifica como “coitadismo”.

    A indicação de Eduardo Bolsonaro como embaixador vinha se desgastando ao longo das últimas semanas, mas com a crise no PSL o plano fracassou de vez. Para não deixar o filho sem o “mimo”, o presidente da República deve retomar o tema no apagar das luzes de 2022, quando termina o mandato parlamentar de Eduardo Bolsonaro. Isso se o presidente conseguir se reeleger, pois do contrário a indicação também irá pelo ralo.