Bolsonaro envergonha o Brasil mais uma vez ao exaltar a sanguinária ditadura de Augusto Pinochet

Que o presidente Jair Bolsonaro é despreparado todos sabem, mas sua obsessão por ditadores facínoras e torturadores chega a ser nauseante. Além disso, a indigência intelectual do presidente da República é uma ode à estupidez.

Refém de declarações absurdas e a anos-luz da realidade, até porque do contrário cai no ostracismo, Bolsonaro mais uma vez recorreu à ignorância ao falar sobre a crise que afeta o Chile, país que há dias vem enfrentando violentos protestos.

No Japão, onde cumpre agenda oficial, Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira (22), que as manifestações no Chile acontecem porque em 1990 acabou a ditadura do general Augusto Pinochet, um pária internacional que passou apenas 503 dias atrás das grades por violação dos direitos humanos.

“O problema do Chile nasceu em 1990, que ninguém dá valor para isso. Naquela época, as Farc fizeram parte, Fidel Castro, isso tudo. E qual o espírito dessa questão? Primeiro é bater contrário às políticas americanas, imperialistas, segundo eles. E depois são os países que se auto ajudam para chegar ao poder”, disse o estulto presidente brasileiro.

Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro exalta a mais sanguinária ditadura do continente sul-americano, em claro desrespeito ao povo chileno. Em setembro, quando atacou de forma covarde e deselegante a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, o presidente brasileiro elogiou o sanguinário Pinochet.

“Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 1973, entre eles o teu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Eu acho que não preciso falar mais nada para ela. Quando tem gente que não tem o que fazer, vai lá para a cadeira de direitos humanos da ONU”, disse Bolsonaro na ocasião.


Ignaro confesso quando o assunto é Economia, Bolsonaro por certo desconhece que a crise chilena é fruto das políticas econômica e social adotadas pelo presidente Sebastián Piñera, muito semelhantes às que o governo brasileiro tenta emplacar no Brasil, começando pela reforma da Previdência.

Os manifestantes chilenos pedem a saída de Piñera, que decretou estado de emergência e tem usado a truculência contra a população. A onda de protestos no Chile fez, até o momento, 15 mortos e centenas de feridos.

O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que acompanha Bolsonaro no giro pela Ásia, disse em Tóquio que a crise chilena estava sob controle, o que não é verdade. Para evitar o pior, Piñera foi obrigado a “jogar a toalha”, sem ter a garantia que os protestos cessarão.

Recuo em cima da hora

Na noite desta terça-feira, temendo um recrudescimento das manifestações, o presidente Sebastián Piñera anunciou uma série de medidas, como reforma política, aumento das aposentadorias e ajuda financeira a trabalhadores de baixa renda.

Antes de anunciar o plano, Piñera pediu desculpas pelo que chamou de “falta de visão” dele e dos antecessores. “Reconheço a falta de visão e peço perdão aos meus compatriotas”, o mandatário chileno.