O comandante da Marinha do Brasil, almirante Ilques Barbosa Júnior, disse nesta terça-feira (22) que as investigações sobre a origem do óleo que atinge a costa do Nordeste miram cerca de 30 navios regulares, de dez países diferentes, que passaram perto da costa brasileira.
A investigação inicial lidava com cerca de mil embarcações. “Nós saímos de mil navios para 30 navios”, afirmou Barbosa, após reunião com o presidente em exercício, Hamilton Mourão, no Palácio do Planalto.
Mas, segundo o comandante, a maior probabilidade é que o vazamento tenha partido de um navio irregular, um “dark ship”. “O mais provável é um dark ship ou um navio que teve um incidente e, infelizmente, não progrediu a informação como deveria”, disse, explicando que, por convenção internacional, todo incidente de navegação deve ser informado pelo comandante responsável.
“Dark ship” é um navio que transporta uma carga que não pode ser comercializada, muitas vezes por causa de sanções econômicas impostas a algum país. Ao navegar, a embarcação busca linhas de comunicação marítimas pouco frequentadas para evitar ser interceptado e não alimenta seu sistema de identificação, muitas vezes desligando o transponder. “Ele procura as sombras. E essa navegação às sombras produz essa dificuldade de detecção”, disse o almirante Barbosa.
Ainda segundo o comandante, a quantidade de óleo que já chegou à costa brasileira é muito menor do que a capacidade dos navios investigados, em torno de 300 mil toneladas. Até segunda-feira (21), haviam sido recolhidas 900 toneladas de resíduos de óleo cru nas praias do Nordeste.
Para Barbosa, é muito pouco provável que o vazamento tenha acontecido durante uma transferência de óleo em alto mar.
“A transferência é uma atividade marinheira de extremo risco. Isso, fazer em mar aberto, onde o mar pode estar em situação adversa, ou pode ficar em situação adversa ao longo do trabalho, não é uma atividade que os armadores, proprietários de navios, recomendariam. Não seria uma atitude de comandante responsável, muito menos dos armadores”, explicou.
O comandante da Marinha informou que as apurações correm em sigilo e que não há data para a conclusão dos trabalhos. “As investigações prosseguem e só terminarão no dia em que nós localizarmos quem agrediu a nossa pátria. Isso é importante deixar sublinhado. Se demorar 200 anos, vamos fixar 200 anos nisso, até achar [os responsáveis]”, afirmou.
Por fim, o almirante Ilques Barbosa Júnior disse que não há indícios de que as manchas de óleo que atingem o Nordeste tenham sido provocadas pelo governo ou pela indústria venezuelana. “O que se sabe pelos cientistas é que o petróleo é de origem venezuelana. Não quer dizer que houve, em algum momento, envolvimento de qualquer setor responsável, tanto privado quanto público, da Venezuela nesse assunto.” (Com agências de notícias)