“Todo mundo gostaria de passar a tarde com um príncipe, principalmente vocês, mulheres”, diz o Bolsonaro

A massa pensante da sociedade brasileira sabe que o presidente Jair Bolsonaro nutre verdadeira adoração a ditadores e torturadores, como comprovam suas declarações a essas facínoras que atentam contra a humanidade e a democracia. Não obstante o fato de exaltar de maneira recorrente a memória do “torturador-geral da República’, Carlos Alberto Brilhante Ustra, o presidente agora faz declaração de “amor” antecipada ao príncipe saudita Mohammed bin Salman, conhecido internacionalmente como MBS e com que se reunirá nesta terça-feira (29).

Na vista oficial que faz à Arábia saudita, última etapa de seu giro pela Ásia e pelo Oriente Médio, Bolsonaro, quando questionado por uma jornalista brasileira sobre as expectativas em relação ao encontro com MBS, respondeu: “Todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe, principalmente vocês, mulheres, né?”. “A expectativa é a melhor possível, a gente tem essa impressão na recepção do aeroporto, a maneira como somos tratados”, disse o mandatário brasileiro.

Besteirol à parte, mas sem abandonar a seara das respostas desbaratadas, o presidente da República emendou: “Há certa afinidade entre nós dois, desde Osaka [reunião do G20, no Japão]. Acredito que vai ser uma tarde bastante proveitosa”.

A estupidez de Jair Bolsonaro não é novidade para os brasileiros, mas a maneira tosca como o presidente responde às perguntas da imprensa não apenas ratificam sua incompetência, mas causam vergonha ao País, que pela importância conquistada no cenário internacional merece um governante menos desqualificado em todos os sentidos.


É importante ressaltar que se Bolsonaro deixou-se “embriagar” pelo poder não significa que as mulheres gostariam de passar algumas horas com um príncipe que impõe às sauditas regras rígidas de conduta, muitas das quais atentam contra a liberdade individual e atropelam o bom senso.

Sobre a mencionada “afinidade” entre ambos, Jair Bolsonaro precisa explicar a miúde essa declaração, pois Mohammed bin Salman é acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que foi esquartejado na embaixada saudita em Ancara, capital da Turquia, quando tentava obter documentos para seu casamento.

Bolsonaro não só tem ojeriza da imprensa, exceto em relação à porção amestrada da mídia, mas não esconde seu apreço por métodos violentos para combater adversários, em especial quando o assunto é discordância ideológica.

Quando Jair Bolsonaro ainda era candidato à Presidência, o UCHO.INFO, mesmo enfrentando a ira da turba bolsonarista, afirmou que sua eventual eleição levaria o Brasil ao retrocesso e ao obscurantismo, uma espécie de viagem no tempo rumo ao período da ditadura militar. O tempo passou e um ano depois de sua eleição os fatos estão a postos para serem comprovados.