Com o fracasso do leilão de petróleo, Pacto Federativo pode obrigar Onyx Lorenzoni a retornar à Câmara

Entregue a deputados federais e senadores na terça-feira (5), a proposta do governo que trata da reforma do Pacto Federativo, cuja meta é equilibrar a situação fiscal de todos os entes da federação – estados e municípios – é de alta complexidade em relação à aprovação no Parlamento, o que exigirá do Palácio do Planalto esforço redobrado, ação que exige na proa alguém com experiência política e bom trânsito entre os parlamentares.

Diante da pífia articulação política do governo, que tem como regra de ouro o desrespeito contumaz às leis e aos parlamentares, não sem antes desafiar a democracia de maneira quase recorrente, o presidente da República terá de promover uma “dança de cadeiras” caso queira sonhar com a aprovação do mencionado projeto na Câmara dos Deputados e no Senado. Isso posto, não será com o filho, Eduardo Bolsonaro (PSL), um o gazeteiro de plantão das estultices totalitaristas do pai, que o presidente logrará algum êxito.

De tal modo, o que se comenta nos bastidores reservadíssimos do Palácio do Planalto é que em breve, talvez no começo de 2020, Bolsonaro resolva ejetar Onyx Lorenzoni da Casa Civil, cada vez mais esvaziada, despachando o colaborador para a Câmara, onde reassumiria o mandato de deputado federal pelo Democratas.

Há meses desempenhando papel menor no primeiro escalão do governo, Lorenzoni não é um especialista em articulação política, como já demonstrado, mas certamente o parlamentar gaúcho é “menos ruim” que Eduardo Bolsonaro, o “02”, mesmo que cada um tenha território demarcado para defender o governo.

Caso a informação se confirme, Onyx Lorenzoni assumiria a liderança do governo na Câmara dos Deputados ou talvez no Congresso, posto que até recentemente estava a cargo da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que protagoniza um “cabo de guerra” com a ala bolsonarista da legenda e com os caciques palacianos. Apesar de estar filiado ao partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o atual chefe da Casa Civil pode enfrentar dificuldades na eventual missão que lhe será delegada por Bolsonaro.


A grande questão que ronda a possível demissão de Onyx Lorenzoni é como ficará a situação de alguns integrantes do governo Bolsonaro, que hoje posam como defensores da “moral e dos bons costumes”, mas ainda não se desvencilharam das ligações umbilicais com governos anteriores. Muitos desses apaniguados controlam setores da estrutura do governo, sem que a opinião pública sequer perceba esse conluio espúrio que Bolsonaro prometeu combater, caso eleito.

Como o resultado do leilão do excedente da cessão onerosa de petróleo ficou muito aquém das expectativas do governo, minguaram os recursos que seriam utilizados como moeda de troca para fazer avançar o novo plano do Pacto Federativo, sem correr o risco de prefeitos e governadores promoverem uma intifada.

Não obstante, o Pacto Federativo, como já informou o UCHO.INFO, não pode ser alterado desrespeitando o texto constitucional, sendo que a Carta Magna trata do assunto em vários dos seus artigos, alguns considerados “cláusula pétrea”.

Que nenhum brasileiro de bem acredite na encenação do tipo “Jambo e Ruivão” protagonizada por Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes, que em relação ao projeto em questão têm papeis distintos e antagônicos, armação rasteira para, ao fim e ao cabo, tentar resgatar a baixa popularidade do presidente da República. Enquanto Guedes, o tal “Posto Ipiranga”, anuncia que seu desejo era endurecer ao extremo na proposta enviada ao Congresso, Bolsonaro se prepara para encarnar o “bom moço”.

Como na política inexistem coincidências e nada é por acaso, é preciso cautela com a tramitação da proposta em questão e principalmente com tudo o que o governo fará chegar ao cidadão no tocante à informação sobre o tema. Uma vez que uma parcela da sociedade foi abduzida pelo bolsonarismo, não faltarão integrantes da furiosa turba de apoiadores do presidente para espalhar inverdades e intimidar os que defendem a informação correta.