Ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência e um dos homens fortes da campanha eleitoral que levou Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, o advogado Gustavo Bebianno tem dado mostras de pouca disposição para aturar mentiras e desaforos vindos do chefe do governo.
Em vídeo compartilhado através do WhatsApp, no final da noite de quarta-feira (13), Bebianno rechaça a afirmação de que teria trabalhado nos bastidores para derrubar candidatos a vice na chapa liderada por Bolsonaro, em 2018. No vídeo, o ex-ministro acusa Bolsonaro de ter lhe relatado detalhes de um dossiê sobre o deputado federal Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PSL-SP), integrante da família real brasileira.
De acordo com Orleans e Bragança, o presidente da República teria lhe confidenciado que Bebianno foi responsável por sua não indicação como candidato a vice.
O ex-ministro, por sua vez, não deixou por menos e foi ao ataque: “O presidente me telefonou dizendo para mim e para o Julian Lemos (hoje deputado) que havia recebido um delegado e um general do Exército com um dossiê com fotos de Luiz Phillipe de Orleans e Bragança com fotos num baile gay, de máscaras, participando de uma orgia, e envolvimento com gangues de rua que agrediam mendigos. Uma história baixa, surreal”.
Segundo Bebianno, o então presidenciável do PSL afirmou, em seguida, que conversava com Hamilton Mourão sobre possibilidade de sair candidato a vice. Horas depois, quando todos se encontraram no aeroporto para mais uma etapa da campanha, Bolsonaro confirmou que Orleans e Bragança não mais seria seu parceiro de chapa.
Na ocasião, Bebianno tentou convencer Bolsonaro a manter o “príncipe” como candidato a vice, pois uma chapa com Mourão poderia parecer excessivamente militarizada.
“Perguntei se não ia ficar uma chapa muito militarizada? Ele deu três socos com toda a força no meu peito e disse ‘confia, porra’. Ele mandou eu ligar para o ‘Príncipe’ e eu avisar. Brinquei: ‘vai me dar essa missão?’. Ele disse: ‘Vai, para-raio, vai. Missão dada é missão cumprida’. Liguei pro ‘Príncipe’ e com toda a diplomacia fui falar isso. Ele ficou muito incomodado”, relatou Bebianno.
O ex-chefe da Secretaria-Geral da Presidência aproveitou o vídeo para confrontar e desafiar Jair Bolsonaro:
“É uma mentira deslavada. O presidente, se disse isso, mais uma vez falta com a verdade. Da mesma forma que faltou com a verdade quando disse que não tinha conversado comigo, quando tinha conversado três vezes. Da mesma forma que faltou com a verdade agora, quando disse que não estava articulando no PSL. Uma coisa é se enganar e outra é a pessoa afirmar fatos que ela sabe que não são verdadeiros. É no mínimo uma leviandade me acusar de fazer um dossiê contra qualquer pessoa. Desafio o presidente a provar e dizer isso nos meus olhos”.
Em clara demonstração de que não teme o presidente e está disposto a levar o imbróglio até o final, Bebianno desafiou Bolsonaro a passar por um detector de mentiras.
“Seu mandato, presidente, não lhe dá o direito de denegrir quem o senhor quiser. Gostaria de passar por um detector de mentiras, eu e o senhor. Vamos ver quem é o mentiroso? Está feito aqui o desafio”.