Previsões do mercado financeiro para economia e inflação colocam em xeque promessa de Paulo Guedes

Quando o UCHO.INFO afirma que o ministro Paulo Guedes, da Economia, é um teórico conhecido que fracassou em algumas ocasiões quando tentou migrar para a seara da prática, a milícia bolsonarista se rebela. De nada adianta adotar medidas econômicas e siar comemorando Brasil afora, sem ao menos esperar seis meses para atestar a efetividade de cada uma. Considerando que o governo de Jair Bolsonaro passou boa parte do ano travando embates no Congresso Nacional e recorrendo a discursos toscos e beligerantes, qualquer comemoração antecipada é obra do achismo.

Há dias, em evento no Rio de Janeiro, Guedes prometeu aos convivas que em 2020 a taxa básica de juro, a Selic, chegará a 4% ao ano. Ninguém pode fazer previsão desse naipe, pois é preciso analisar a conjuntura econômica para apostar em índices inflacionários e taxas de juro.

Se o governo trabalha para estimular a economia, como afirma de maneira reiterada Paulo Guedes, não se pode fechar os olhos para a possibilidade de elevação do consumo e a consequente alta da inflação. A autoridade monetária do País, o Banco Central, usa como principal arma no combate à inflação a elevação da taxa Selic. Ou seja, Guedes está a se mostrar adepto da fanfarronice, síndrome que pode ser fruto da convivência com Bolsonaro.

Mercado financeiro

Para que ninguém afirme que estamos a torcer contra o País, o mercado financeiro aumentou as projeções de crescimento da economia e da inflação este ano. A previsão de instituições financeiras para a inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu de 3,33% para 3,46%, no terceiro ajuste consecutivo.

Para os anos seguintes não houve alterações: 3,60%, em 2020, 3,75% em 2021, e 3,50% em 2022. As estimativas estão reunidas em pesquisa feita com instituições financeiras, elaborada semanalmente pelo Banco Central (BC). Os resultados são divulgados às segundas-feiras.

As projeções para 2019 e 2020 estão abaixo do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.


Taxa Selic

Com a previsão de inflação um pouco maior neste ano, o mercado financeiro voltou a esperar que a taxa básica de juros, a Selic, encerre 2020 em 4,5% ao ano. Na semana passada, a expectativa tinha caído para 4,25% ao ano. Atualmente, a Selic está em 5% ao ano. As instituições financeiras esperam que a Selic volte a cair 0,5 ponto percentual para 4,5% ao ano, em dezembro.

Confirmando a análise que abre essa matéria jornalística, o mercado financeiro prevê que em 2021 a taxa Selic termine o período em 6% ao ano. Para o fim de 2022, a previsão é 6,50% ao ano.

Crescimento econômico

O mercado financeiro espera crescimento maior da economia neste ano e em 2020. A estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 0,92% para 0,99% este ano. Para 2020, a projeção subiu de 2,17% para 2,20%. Já as projeções para 2021 e 2022 permanecem em 2,50%.

Dólar

A previsão para a cotação do dólar subiu de R$ 4 para R$ 4,10, no fim de 2019, ao mesmo tempo em que permanece em R$ 4 para o final de 2020. (Com ABr)