A ativista sueca Greta Thunberg, figura central de um movimento global entre jovens por políticas climáticas mais eficazes, foi anunciada nesta quarta-feira (11) como a Pessoa do Ano de 2019 pela revista Time.
Saindo de uma conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em Madrid, Thunberg, que nesta semana foi chamada de “pirralha” por Jair Bolsonaro e lhe respondeu de forma irônica no Twitter, disse que dedica o prêmio a todos os jovens ativistas.
A sueca de 16 anos afirmou estar esperançosa de que a mensagem que ela e outros ativistas tentam transmitir – de que os governos precisam aumentar drasticamente os seus esforços para combater as mudanças climáticas – está finalmente sendo transmitida.
“Por fazer soar o alarme sobre a relação predatória da humanidade com a única casa que temos, por trazer para um mundo fragmentado uma voz que transcende fundos e fronteiras, por mostrar a todos nós o que pode parecer quando uma nova geração assume a liderança”, justificou a revista.
Uma foto da ativista é a capa da mais recente edição da Time e está acompanhada da manchete “O poder da juventude”.
“A partir de agosto de 2018, ela passou dias acampando diante do Parlamento sueco, com um cartaz em que se lia: ‘Greve escolar pelo clima’”, destaca a publicação norte-americana.
A Time recorda que a adolescente já conversou com chefes de Estado na ONU, se reuniu com o papa, discutiu com o presidente dos Estados Unidos e inspirou 4 milhões de pessoas, que se reuniram em uma paralisação global pelo clima em 20 de setembro.
“Esta foi a maior manifestação pelo clima na história da humanidade”, enfatizou a revista.
De acordo com a Time, Greta passou de militante solitária com um cartaz pintado com as mãos a uma pessoa que levou alento aos habitantes de mais de 150 países, que foram às ruas em defesa do planeta.
“As mudanças significativas raramente ocorrem sem a força mobilizadora de indivíduos influentes e, em 2019, a crise existencial da Terra encontrou uma dessas pessoas em Greta Thunberg”, ressalta a revista.
Porta-voz de Bolsonaro coloca “panos quentes”
Na manhã de terça-feira (10), ao ser questionado sobre a morte de dois indígenas guajajara no Maranhão, o presidente Jair Bolsonaro criticou o espaço que a imprensa dá a Greta.
“Índio? Qual o nome daquela menina lá? De fora, lá? Greta. A Greta já falou que os índios morreram porque estavam defendendo a Amazônia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí. Pirralha”, disse Bolsonaro, quando deixava o Palácio do Alvorada.
Mais tarde, em conversa com jornalistas, o porta-voz da Presidência, general Otavio Rêgo Barros, disse que “do ponto de vista gramatical” o presidente não foi “descortês” Greta ao chamá-la de “pirralha”.
Em conversa com jornalistas, Rêgo Barros sugeriu que os profissionais pesquisassem na internet o significado da palavra “pirralha”, como forma de afastar a possibilidade de Bolsonaro ter sido “inadequado” em seu comentário.
“Vocês já deram uma “googlada” sobre o que é pirralho? Dá uma “googlada”. Pirralho é criança ou pessoa de pequena estatura. Onde que presidente foi inadequado, foi descortês com a Greta? Ela é uma pirralha. Ela é uma pessoa de pequena estatura e uma criança”, disse o porta-voz.
Que Jair Bolsonaro é um fanfarrão contumaz que precisa da polemica para estar em evidência todos sabem, mas querer distorcer a realidade não é papel de um porta-voz presidencial, que desde o início do governo vem se esforçando para explicar as trapalhadas do presidente da República.